Moscovo fala em fatores de desestabilização, enquanto Varsóvia teme a entrada de imigrantes ilegais e provocações da Bielorrússia
No espaço de poucos minutos Rússia e Polónia anunciaram o reforço das forças presentes nas suas fronteiras, aumentando ainda mais a tensão entre território da NATO e Moscovo.
O ministro da Defesa da Rússia disse que a criação de novos distritos militares vai servir para um "fortalecimento simultâneo de tropas das Forças Armadas da Federação Russa nas fronteiras a ocidente".
Sergei Shoigu justificou a decisão com aquilo que entende serem "ameaças à segurança militar" do país, falando em múltiplas situações que estão a desestabilizar a Rússia.
E o ministro não se refere apenas à colocação de mais tropas na fronteira da Polónia, mas também à cada vez mais provável entrada da Suécia na NATO – falta apenas a ratificação de Turquia e Hungria, que já disseram que iam assinar o documento.
"A entrada da Finlândia na NATO é um sério fator de desestabilização e em breve será a Suécia", afirmou, lembrando que a fronteira entre a Rússia e a Aliança Atlântica quase duplicou desde que Helsínquia aderiu ao tratado.
Do lado ocidental é a Polónia a preparar-se para alguma eventualidade. Depois de ter elevado o estado de alerta pela presença de militares do Grupo Wagner na Bielorrússia, Varsóvia anunciou o destacamento de mais dois mil militares para a fronteira com aquele país, um forte aliado da Rússia.
Este destacamento, que foi anunciado pelo vice-ministro do Interior, duplica aquilo que tinha sido pedido pela Guarda Fronteiriça. "O reforço não vai ser de mil, mas de dois mil soldados", confirmou Maciej Wasik, em entrevista à PAP.
Uma decisão tomada pelo Comité de Segurança e validada pelo ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak. Mais do que uma invasão o que a Polónia tenta evitar é a entrada de imigrantes ilegais através daquela fronteira, com o governo polaco a ter avisado que todas as passagens de migrantes têm sido organizadas pela Bielorrússia, o que é visto como uma provocação, até pelo receio de infiltração de espiões.
"Se tivéssemos verdadeiros guardas do outro lado, e não serviços de contrabando, estas passagens não existiriam", acrescentou Wasik.
Presentes na Bielorrússia desde a rebelião organizada por Yevgeny Prigozhin contra o Kremlin, os soldados do Grupo Wagner têm sido uma ameaça constante para a Polónia, que vigia as movimentações dos mercenários, muitos deles a poucos quilómetros do território polaco, bem de perto.