Enquanto Prigozhin e Putin se "zangam", a guerra não para. O que aconteceu na Ucrânia desde a rebelião do Grupo Wagner

27 jun 2023, 18:00

Ucrânia afirma já ter recuperado um total de 130 quilómetros quadrados desde o início da contraofensiva

A ameaça de uma guerra civil ou até de um golpe de Estado que pairou durante cerca de um dia na Rússia desviou as atenções do que se passava na Ucrânia. Em Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia os combates não cessaram, e Kiev tentou aproveitar o motim do Grupo Wagner contra Moscovo para ganhar terreno.

Apesar da continuação da contraofensiva, o estado do terreno e a resistência das tropas russas acabaram por não permitir grandes mexidas nos mapas da guerra. Desde o anúncio da “marcha pela justiça” de Yevgeny Prigozhin, a Ucrânia não avançou muitos metros na linha da frente, ainda que as conquistas que teve representem alguma coisa.

Ao todo, e segundo a vice-ministra ucraniana da Defesa, a contraofensiva já permitiu a recuperação de 130 quilómetros quadrados de terreno, mesmo que o ímpeto das forças de Kiev tenha resfriado nos últimos dias.

Esta segunda-feira, a mesma fonte garantia que Kiev já tinha recuperado Rivnopil. Há ainda outro avanço a destacar: a Ucrânia terá conseguido reconquistar território perto da vila de Krasnohorivka, recuperando terreno que não era seu desde 2014. Uma informação avançada pelo Ministério da Defesa do Reino Unido, e que coloca os ucranianos às portas da cidade de Donetsk, a maior cidade ucraniana controlada pelas forças russas, que ocupam a capital da região com o mesmo nome precisamente desde 2014.

Esse terá sido o resultado dos fortes combates ocorridos sexta-feira e sábado em torno daquela zona, apanhando também a cidade de Avdiivka. Os mapas do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla original), mostram como aquele foi um dos pontos de tensão na região, com tentativas de avanços de um lado e do outro.

Com efeito, o ISW indica que houve um avanço russo em Krasnohorivka, mas que o mesmo foi contrariado dias depois pela Ucrânia. O think thank norte-americano cita o porta-voz do Grupo de Forças Tavrisk, o capitão Valeriy Shershen, que indicou ter capturado parte daquela zona ainda antes da rebelião de Prigozhin. Uma informação que bloggers militares russos classificaram de falsa.

Quanto a Rivnopil, parecem existir menos dúvidas. A informação da conquista da vila, que fica a algumas dezenas de quilómetros a sul de Donetsk, foi confirmada pelas forças armadas ucranianas, bem como reconhecida por alguns responsáveis russos.

Outro ponto quente, há vários meses, é a cidade de Bakhmut. Conquistada precisamente pelo Grupo Wagner, a estratégica localidade é uma das prioridades da Ucrânia na contraofensiva. O ISW dá nota de vários combates nos arredores da cidade, sendo que o governo ucraniano confirmou várias tentativas de ganhar terreno, ainda que sem aparente sucesso.

Se há zona em que os combates se intensificaram com a rebelião de Prigozhin é mesmo Bakhmut. Ambos os lados falam em ataques ferozes, mas ninguém reclama ganhos, o que também parece ser confirmado pelos mapas do ISW.

Mapa de Bakhmut a 26 de junho (ISW)

Rússia para Kharkiv, Ucrânia para Lugansk

Kupiansk e Kreminna são, nesta altura, os dois maiores pontos de tensão no nordeste da Ucrânia. A primeira é controlada pelas forças ucranianas, mantendo-se como um bastião na região de Kharkiv, depois da recuperação de território. A segunda fica na linha da frente do território controlado por Moscovo.

Bloggers russos destacaram várias tentativas ucranianas para penetrar em Kreminna, tendo esses ataques sido defendidos pelas forças russas. Do outro lado, em direção a Kupiansk, os ucranianos afirmam que são as tropas chechenas, lideradas por Ramzan Kadyrov, quem tem a dianteira das operações.

Mais do que avanços ou recuos, em Lugansk e nos arredores fala-se de tentativas de ataques malsucedidas ou de grupos de sabotagem neutralizados.

Uma situação semelhante em Zaporizhzhia e Kherson, as duas regiões onde a Ucrânia tem tido maior sucesso na sua contraofensiva, conseguindo fazer recuar as forças russas.

As Forças Armadas ucranianas destacaram alguns sucessos na linha de Novodanylivka-Robotyne e na de Mala Tokmachka-Novofedorivka, com bloggers militares russos a admitirem um avanço de 1,5 quilómetros no primeiro caso.

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