Bielorrússia estará pronta a juntar-se à invasão russa e os EUA já reagiram

CNN , Jake Tapper, Kylie Atwood e Devan Cole
1 mar 2022, 10:27
Alexander Lukashenko e Vladimir Putin. Alexei Nikolsky/Sputnik/Kremlin Pool/AP

Um funcionário do governo da Ucrânia disse à CNN que o serviço de informações ucraniano aponta para a “prontidão da Bielorrússia de talvez participar diretamente” na invasão da Ucrânia, “além de permitir que os russos usem o seu território e atravessem a sua fronteira.”

Uma segunda fonte próxima do governo ucraniano disse à CNN que, além das informações ucranianas, a administração Biden também disse ao governo ucraniano que a Bielorrússia se prepara para se juntar à invasão russa.

No entanto, até agora, as autoridades dos EUA não viram que as tropas bielorrussas “estejam a ser preparadas para entrar na Ucrânia” ou “que se estejam a movimentar ou estejam já na Ucrânia”, disse um alto funcionário da Defesa dos EUA aos jornalistas, na segunda-feira, acrescentando que os militares dentro da Ucrânia são russos.

As informações sobre uma potencial participação da Bielorrússia na invasão despertou uma nova preocupação no governo Biden. Um alto funcionário da administração disse que a Casa Branca está a observar de perto as ações tomadas pela Bielorrússia e está preparada para impor mais sanções ao país. Num sinal da crescente turbulência na região, os EUA anunciaram na segunda-feira que iam suspender todas as operações na embaixada na Bielorrússia.

O “Washington Post” foi o primeiro a relatar que a Bielorrússia se preparava para enviar soldados para a Ucrânia, citando um funcionário da administração norte-americana. A Casa Branca recusou-se a comentar. A CNN pediu comentários ao Departamento de Estado dos EUA.

As negociações começaram na segunda-feira entre a Rússia e a Ucrânia, perto da fronteira bielorrussa.

Um alto funcionário da administração Biden disse que a Casa Branca está a observar de perto as ações tomadas pela Bielorrússia e está preparada para impor mais sanções ao país, entre relatos de que as forças bielorrussas podiam juntar-se às russas na invasão da Ucrânia.

"Dissemos que, uma vez que a Bielorrússia continua a ajudar e a favorecer a agressão da Rússia à Ucrânia, também enfrentará consequências”, disse o alto funcionário do governo. "Já aplicámos algumas destas medidas. O preço a pagar continuará a aumentar muito mais.”

O Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções contra 24 indivíduos e entidades bielorrussas, na semana passada.

Ao anunciar a decisão de suspender as operações na Embaixada dos EUA na Bielorrússia, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, citou o “ataque não provocado e injustificado das forças militares russas à Ucrânia”, mas não referiu qualquer informação sobre uma possível ação militar por parte da Bielorrússia. Funcionários não essenciais e os seus familiares também poderão deixar a Embaixada dos EUA em Moscovo, disse Blinken.

"Se for necessário"

O presidente da Bielorrússia, Aleksander Lukashenko, disse na semana passada que as tropas bielorrussas podem juntar-se à invasão “se for necessário”.

“As nossas tropas não participam de forma alguma nesta operação. Não temos de justificar a nossa participação ou não no conflito. Volto a repetir. As nossas tropas não estão ali, mas se for necessário, se a Bielorrússia e a Rússia precisarem dos nossos soldados, eles lá estarão”, disse Lukashenko ao canal do YouTube da agência de notícias estatal Belta.

Enquanto isso, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky apelou aos bielorrussos como “vizinhos”, neste domingo.

“Bielorrússia, este referendo é também para vocês. Vocês decidem quem são e quem querem ser. Como vão olhar para os vossos filhos. Como vão olhar uns para os outros. Como vão olhar para os vossos vizinhos. E nós somos os vossos vizinhos”, disse.

O gabinete de Zelensky disse que Lukashenko ligou ao presidente ucraniano no domingo para discutir a reunião de segunda-feira.

“Os políticos concordaram que a delegação ucraniana se encontrará com a delegação russa, sem pré-condições, na fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia, perto do rio Pripyat”, disse o gabinete de Zelensky. “Aleksander Lukashenko assumiu a responsabilidade de garantir que todos os aviões, helicópteros e mísseis estacionados em território bielorrusso permaneçam no solo durante a viagem, reunião e regresso da delegação ucraniana.”

A Bielorrússia anunciou no domingo que o país renunciou ao seu estatuto de não-nuclear num referendo, naquele dia. Segundo a Comissão Eleitoral Central da Bielorrússia, 78,63% dos eleitores participaram no referendo de domingo, dos quais 65,16% votaram a favor da aprovação de uma nova Constituição que eliminará o estatuto não-nuclear do país e dará a Lukashenko a oportunidade de se candidatar a mais dois mandatos.

A nova Constituição poderia permitir, teoricamente, que a Rússia devolvesse armas nucleares à Bielorrússia, pela primeira vez desde a queda da União Soviética, quando a Bielorrússia abdicou das armas que tinha e se tornou uma zona livre de armas nucleares.

As emendas e adições à Constituição, aprovadas no referendo de domingo, entrarão em vigor dentro de 10 dias, segundo o gabinete de Lukashenko.

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