Shoigu vai passar a ocupar o cargo de secretário do Conselho de Segurança da Rússia, cargo até agora ocupado pelo antigo espião Nikolai Patrushev
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs ao parlamento o afastamento do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, com a nomeação da Andrei Belousov para o cargo, avança a agência Reuters, que cita o parlamento russo.
Na nota enviada à câmara alta do parlamento russo, Vladimir Putin justifica a escolha de Belousov com a necessidade de ter um ministério da Defesa "absolutamente aberto à inovação e a nova ideias".
“Hoje, no campo de batalha, o vencedor é aquele que está mais aberto à inovação. Portanto, é natural que, no estado atual, o presidente tenha decidido que o Ministério da Defesa russo deveria ser chefiado por um civil", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Peskov reconheceu que, devido ao contexto geopolítico e à importância cada vez maior dos gastos de Defesa no orçamento do Estado, a Rússia aproxima-se "gradualmente da situação de meados dos anos 80", quando a União Soviética gastava perto de 7,4% do PIB em Defesa. Atualmente, a Rússia investe cerca de 6,7% em Defesa, segundo o porta-voz do Kremlin.
Andrei Belousov, o novo escolhido de Putin para chefiar a área da Defesa, era o atual vice-primeiro-ministro da Rússia. O novo ministro da Defesa já ocupou o cargo de ministro do Desenvolvimento Económico, durante a presidência de Medvedev, e foi assistente de Vladimir Putin para a área económica durante sete anos.
Entre 30 de abril e 19 de maio de 2020, ocupou ainda o cargo de primeiro-ministro da Rússia durante a hospitalização de Mishustin por covid-19.
A nomeação de Andrei Belousuv como ministro da Defesa terá que ser aprovada pelos deputados russos.
Peskov defende que esta nomeação não representa uma mudança no sistema militar do país, garantindo que a componente militar é responsabilidade do chefe de Estado Maior russo, Valery Gerasimov, que vai continuar em funções.
Shoigu, um dos mais próximos aliados do presidente russo vai passar a ocupar o cargo de secretário do Conselho de Segurança da Rússia, substituindo o antigo espião Nikolai Patrushev, que foi destituído do cargo.
Estas remodelações, que ainda terá de ser aprovada pelos membros do parlamento russo, surge numa altura em que Putin inicia o seu quinto mandato presidencial e a guerra na Ucrânia dura há mais de três anos.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Shoigu vai também passar a ocupar o cargo de vice-presidente da Federação Russa na Comissão Militar-Industrial e supervisor do trabalho do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar.
“Ele está profundamente imerso neste trabalho, conhece muito bem o ritmo de produção dos produtos industriais militares em empresas específicas e visita frequentemente essas empresas”, disse.
Sergei Shoigu, ocupava o cargo desde 2012, antes de ter assumido essa pasta foi ministro das Situações de Emergência entre 1991 e 2012.
Enquanto esteve em funções, Shoigu tentou modernizar as forças armadas russas e garantiu apoio militar aos grupos separatistas no Donbass, em 2014, bem como a invasão da Ucrânia em 2022.
Em abril, um dos homens mais próximos de Sergei Shoigu foi detido com acusações de corrupção. O seu vice-ministro da Defesa, Timur Ivanov, foi acusado de aceitar subornos "numa escala particularmente grande" relativamente a projetos de construção do ministério da Defesa. Ivanov enfrenta 15 anos de prisão, caso seja considerado culpado.