A Ucrânia não precisa de aderir agora à UE, diz Costa. Precisa é que os 27 sejam "imaginativos"

10 mar 2022, 18:42
António Costa fala à imprensa após Cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da NATO (Mário Cruz/Lusa)

Primeiro-ministro português defende que a Ucrânia necessita de algo "efetivo, rápido, urgente" 

Numa altura em que alguns Estados-membros defendem um procedimento rápido para a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) – já formalmente solicitada por Kiev a 28 de fevereiro -, António Costa afirma que há várias outras possibilidades para apoiar o país e dar confiança aos ucranianos que não através de um processo “necessariamente demorado, necessariamente incerto”.

À chegada a uma cimeira informal de chefes de Estado e de Governo da UE em Versalhes, França, dominada pela agressão militar russa à Ucrânia e a resposta do bloco europeu, o primeiro-ministro recordou que "há países que estão há anos e anos e anos a negociar e ainda não conseguiram a adesão": "Nós sabemos por experiência própria: apresentámos o pedido de adesão em 1977, entrámos em 1986. […] Não sei se ainda se lembram que até nós ouvimos aquela canção do 'queremos ver Portugal na CEE' porque a certa altura já era mesmo um tema de humor. São processos sempre muito longos", disse o chefe de Governo.

Segundo António Costa, “o que a Ucrânia hoje precisa é de uma resposta urgente e efetiva” e cabe aos 27 serem “imaginativos, dar uma resposta que seja concreta, rápida e que produza o efeito essencial, que é apoiar a reconstrução da Ucrânia, dar confiança aos ucranianos no futuro do seu desenvolvimento económico”.

“E entre a adesão e o acordo de associação que já existe, há várias hipóteses em que é preciso ser-se imaginativo e saber trabalhar para que a resposta seja efetiva, rápida, urgente e não seja algo que se estenda no tempo”, sustentou, apontando também que “é claro que não” há procedimentos rápidos de adesão contemplados nos Tratados.

A Eslováquia, vizinha da Ucrânia, anunciou hoje que vai propor na cimeira informal de Versalhes um roteiro para que este país possa aderir ao bloco comunitário em cinco anos.

O objetivo é que a Ucrânia "alcance a harmonização total da sua legislação e das suas instituições no prazo de cinco anos, para que possa funcionar como um Estado-membro", refere um comunicado do governo eslovaco.

Os chefes de Estado e de Governo da UE iniciam hoje em Versalhes uma cimeira de dois dias originalmente consagrada à economia, mas que se focará agora na defesa e energia, por força da ofensiva russa na Ucrânia.

"Não há milagres que substituam aquilo que falta" - Costa assume subida de preços em Portugal

António Costa assume que "a subida dos preços é um dado que temos por adquirido e há um limite da capacidade da intervenção política sobre isso".

"Quando o principal país fornecedor de uma matéria prima não a produz, é inevitável que ela vá escassear. Não há milagres que substituam aquilo que falta", explicou o primeiro-ministro, lembrando que há um conjunto de medidas a serem adotadas.

Já sobre uma eventual escassez de produtos, Costa assegura que "neste momento não há nenhum cenário previsto para falta de bens essenciais".

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