Israel informa: "Completámos o cerco a Gaza". O Hamas responde: "Os vossos soldados vão regressar em sacos pretos". A ONU avisa: corre-se "grave risco de genocídio"

2 nov 2023, 21:53
Forças israelitas ao longo da fronteira com Gaza (EPA/HANNIBAL HANSCHKE)

Netanyahu diz que este é "o ponto alto da batalha"

As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram ao fim da noite desta quinta-feira que cercaram completamente a cidade de Gaza, a principal localidade da Faixa de Gaza.

Numa conferência de imprensa de atualização da guerra contra o Hamas, o porta-voz do exército israelita referiu que o grupo pró-palestiniano respondeu com ataques rápidos, nomeadamente a partir dos vários túneis que construiu no território.

“As tropas [de Israel] completaram o cerco à cidade de Gaza, que é o ponto fulcral da organização terrorista Hamas”, disse Daniel Hagari.

Um momento que o primeiro-ministro de Israel descreveu como “o ponto alto da batalha”. Benjamin Netanyahu destacou os “sucessos impressionantes” das IDF, confirmando que as tropas estão a “avançar” no território.

Apesar de tudo isto, a situação no terreno é, segundo o próprio exército, difícil. O brigadeiro-general Iddo Mizrahi, líder da brigada de engenheiros do exército, referiu que as tropas estão a encontrar minas e várias armadilhas pelo caminho. “O Hamas aprendeu e preparou-se bem”, referiu o responsável.

Israel faz disparos para iluminar céu na Faixa de Gaza (Abed Khaled/AP)

Esta é também uma guerra informação, com o Hamas a dizer que o número de mortes do lado israelita é bem superior ao anunciado. “Os vossos soldados vão regressar em sacos pretos”, avisou o porta-voz das brigadas Al-Qassam, o braço armado do Hamas. Refira-se que Israel diz que morreram 18 soldados desde que anunciou a extensão das operações na Faixa de Gaza.

ONU teme genocídio

Em paralelo aos avanços militares de Israel, a Organização das Nações Unidas (ONU) continua a avisar para a situação precária a nível humanitário.

Num comunicado publicado esta quinta-feira, e já depois de três ataques confirmados por Israel a um campo de refugiados em Jabalia, os especialistas em Direitos Humanos da ONU admitiram que existe um “grave risco de genocídio” no território.

“O tempo para prevenir um genocídio e uma catástrofe em Gaza está a acabar”, pode ler-se no comunicado, que expressa “profunda frustração perante a recusa de Israel em pausar os planos para dizimar a cercada Faixa de Gaza”.

Assinaram o comunicado os analistas da ONU para os Territórios Ocupados Palestinianos (Francesca Albanesea), Liberdade de Expressão (Irene Khan), Contra o Racismo (Ashwini K.P.), sobre o Direito à Alimentação (Michael Fahri), à Água (Pedro Arrojo), à Saúde Mental (Tlaleng Mofokeng) e para as Pessoas Deslocadas Internamente (Paula Gaviria).

“A água está a ser utilizada como arma de guerra”, disse também Juliette Touma, porta-voz da UNRWA, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos.

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