Espanhol - FC Porto, 0-2 (crónica)

23 nov 2000, 23:35

Eficácia devorou longo jejum Na primeira parte o FC Porto jogou encolhido e não escondeu alguns receios. Mas depois tudo foi diferente. No segundo tempo, a eficácia dos avançados fez a diferença e a equipa acalmou-se para uma vitória histórica. Há 28 anos que os dragões não venciam em Espanha.

Ponto prévio: 23 de Novembro de 2000 é uma data que os adeptos azuis e brancos devem guardar na memória. O motivo é simples e explica-se nas próximas linhas com a ajuda de Drulovic e Pena, os autores dos golos e os responsáveis máximos pelo triunfo do F.C. Porto frente ao Espanhol. Há 28 anos que o clube das Antas não vencia em Espanha, apesar das deslocações ao país vizinho serem significativas, especialmente nos tempos mais recentes. A última vitória tinha sido frente ao Barcelona, graças a um golo fatal de Abel, mas a malapata só hoje foi quebrada, mercê da eficácia e não da beleza estética ou do domínio sobre o adversário. 

Em Barcelona, o F.C. Porto fez da eficiência uma arma letal, que vergou o Espanhol à sua condição de equipa sem atributos ao nível do vice-campeão português. Na primeira parte, o ao vivo deste jogo apenas registou um remate azul e branco à baliza de Mora, com a assinatura torta de Pena. Para variar, o Espanhol multiplicava-se em remates, em passes bombeados, que causavam perigo nos postes de Ovchinnikov. Mas tanto esforço nada significou, apenas transmitiu a sensação de que o resultado poderia ser diferente do actual. Só isto e nada mais. 

O braço de ferro durou 45 minutos. Mas convém dizer que a equipa portuguesa tremeu e teve alguma dificuldade em anular a espontaneidade dos médios adversários e a velocidade dos avançados, sempre prontos para arrancar rumo à baliza. Nos flancos, o F.C. Porto oscilava, mas a segurança de Aloísio acalmava a equipa, à medida que o dragão ganhava força psicológica para mudar a atitude no segundo tempo. Mas antes de falarmos na mutação, esclareça-se que a surpresa de Fernando Santos não surtiu efeito: Cândido Costa foi uma sombra e acusou a responsabilidade no momento decisivo.

Renascer das cinzas 

Na segunda parte, tudo foi diferente. O treinador do F.C. Porto mexeu na equipa e a alteração surtiu efeito. Capucho entrou e mostrou à plateia que a vingança serve-se fria. Dois minutos depois do reatamento assinou um passe mágico para Drulovic, que inaugurou o marcador. A pedra de toque estava dada e os dragões renascem das cinzas, perante um adversário que fica sem imaginação para tudo e mais alguma coisa, até para correr. 

A solidez azul e branca veio mais uma vez ao de cima, com a particularidade de ser mais consistente do que nos minutos iniciais. O Espanhol carregou, mas o meio-campo do F.C. Porto negava todos os momentos de aflição e a defesa transparecia segurança. A excepção chamava-se Nélson, que denotou dificuldades supremas perante Arteaga, mas Aloísio fazia valer os seus dotes que fazem dele um dos melhores centrais a jogar na Europa. 

O adversário começava a desesperar à medida que a equipa portuguesa adquiria confiança para conseguir algo mais. E isso foi possível por vários motivos. Os avançados espanhóis balanceavam-se na frente, à medida que a equipa perdia consistência no meio-campo e na defesa. O segundo golo foi o exemplo disso mesmo. Deco baralhou Galca e Sérgio, assistiu Pena, que matou o jogo naquele instante. A passagem aos oitavos de final da Taça UEFA parece estar garantida, mas o futebol é sempre uma caixinha de surpresas.

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