A implosão gaulista

14 jun, 21:40

Visse o General como implodiram os herdeiros do Gaulismo e estaria a ponderar o regresso a Londres, desta vez num exílio deliberado e sem pretensões de resistência.

Há anos que a linha diretamente descendente do mito que ergueu a Vª República está em declínio. Mais recentemente acelerado pelos escândalos e condenações de um Presidente dos seus (Nicolas Sarkozy) ou de um candidato a Presidente dos seus (François Fillon), pela deriva direitista na perseguição à direita radical e aos seus terrenos férteis da insegurança ou da imigração. E, consequência dessa cedência de flanco, pela expansão do projeto macronista que abarcou o centrão onde, durante décadas, moraram os republicanos ou socialistas a que o tempo acrescentou peso histórico, de Pompidou, a Mitterrand, a Chirac.

Eis que, nessa deriva, Éric Ciotti, líder dos Republicanos, decide ir ao encontro do abraço de urso de Marine Le Pen, propondo uma aliança nas próximas eleições convocadas por Emmanuel Macron que faria do (que resta do) gaulismo uma bengala útil na derradeira normalização dos extremos para a sua institucionalização no poder que, um dia, lá longe, esse mesmo gaulismo fundou a França moderna.

Quase imediatamente, o partido amotinou-se contra o seu próprio líder, decidindo pela sua expulsão. Mas a vontade do abraço é apenas o reflexo de uma implosão há muito anunciada. O custo de ceder o flanco para sobreviver a curto prazo. Ainda não terá sido desta que o gaulismo foi engolido.

Ainda.

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