Buscas em Oeiras: almoços de Isaltino na mira da Judiciária 

Henrique Machado , com Lusa
20 jun 2024, 11:15

Em causa, um balanço de 139 mil euros em 1.441 "almoços de trabalho" no período pós-Covid

Isaltino Morais e a sua presidência da Câmara de Oeiras estão esta manhã a ser visados por uma operação de buscas da Polícia Judiciária relacionada com despesas excessivas de restauração pagas com dinheiro da autarquia, sabe a CNN Portugal. Em causa, um balanço de 139 mil euros em 1.441 "almoços de trabalho" no período pós-Covid, conforme foi revelado por uma reportagem da revista Sábado em agosto do ano passado.

Esta polémica, recorde-se, levou inclusive o presidente da Câmara de Oeiras a apresentar e publicitar um roteiro de restaurantes no concelho.

Ao que a CNN Portugal apurou, a autarquia está “a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitadas”.

“As buscas estão relacionadas com almoços de trabalho do município, como foi do conhecimento público no ano passado, e decorrem nos Paços do Concelho e no Edifício Atrium [com serviços municipais]”, indicou fonte da autarquia.

As buscas e o âmbito do processo foram também confirmados à Lusa por fonte ligada à investigação, segundo a qual o inquérito é titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. Em causa estão suspeitas dos crimes de prevaricação, abuso de poder e peculato.

No ano passado, a Sábado noticiou que, “em seis anos, a Câmara de Oeiras pagou mais de 139 mil euros em ‘almoços de trabalho’” com elementos do executivo e das suas equipas.

Segundo a investigação da revista, em causa estão 1.441 refeições que incluem o “consumo maciço” de alimentos como marisco e leitão, havendo almoços “à mesma hora em restaurantes diferentes”.

Isaltino Morais reconquistou a Câmara de Oeiras nas eleições de setembro de 2021. O autarca foi eleito para o cargo pela primeira vez em 1985, pelo PSD, e renovou os mandatos nas eleições de 1989 até 2009, com uma interrupção de três anos. Durante parte deste período, foi ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente.

Foi eleito pelo PSD pela última vez em 2001 e, a partir de 2005, continuou à frente da autarquia como independente, abandonando o cargo em 2013 para cumprir pena de prisão por fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Enquanto cumpria a pena, o seu ‘vice’, Paulo Vistas, tomou posse como presidente e foi depois eleito, em 2013, pelo movimento Isaltino, Oeiras Mais À Frente (IOMAF). No entanto, os dois autarcas afastaram-se e, em 2017, concorreram em separado, numas eleições que Isaltino Morais acabaria por vencer com maioria.

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