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Colunista e comentador

Cristiano? Sim, siiiiiiiiimmm (!), mas ainda vamos ouvir falar, este ano, de Luís Figo, que me faz lembrar Zamora-1988 e o Euro-2000: ai, aquele golo em Eindhoven!

25 jun, 14:56

Sempre defendi a ideia de que no negócio que são estes Europeus e Mundiais, sustentados pelas dinâmicas da UEFA e da FIFA, que precisam de garantir as presenças das principais seleções nas fases mais quentes destes certames, aliviando-lhes a carga de dificuldade nas fases preliminares e, já em sede de fase final, nos grupos que dão acesso aos “oitavos”, os Campeonatos da Europa e do Mundo começam a assumir algum significado a partir da fase a eliminar, com as últimas 16 equipas em competição.

Portugal foi campeão da Europa em 2016 mas ainda não foi um campeão da Europa absolutamente eloquente.

Tem essa oportunidade em 2024, e — depois de ter despachado a Chéquia e a Turquia, com um bom jogo frente aos turcos (foi um dia muito mau para Vincenzo Montella, na preparação do jogo) e depois de uma estreia com muitas interrogações — agora, em crescendo, como aliás prognosticava Roberto Martínez, Portugal pode começar a justificar a sua condição de um dos principais favoritos, num lote de equipas que já deram sinais das suas qualidades, com Espanha e Alemanha à cabeça.

Duas vitórias nos dois jogos iniciais, nada que não se esperasse, permitem que este jogo com a Geórgia seja uma forma de dar minutos a jogadores que querem mostrar as suas credenciais numa prova deste calibre e Martínez tem aqui uma oportunidade, sem colocar em causa a imagem da Seleção, de provar que Portugal, no pós Cristiano Ronaldo e Pepe, tem Seleção para mais 10 anos, sem nunca abdicar do ‘segredo’ da renovação através, fundamentalmente, da aposta nas Seleções mais jovens.

Foi essa aposta que nos fez chegar aqui.

Não me vou esquecer, nunca, daquele jogo do Euro de 2000, em Eindhoven, entre Portugal e a Inglaterra, orientados respectivamente por Humberto Coelho e Kevin Keegan, com quem tinha privado na final da Taça dos Campeões Europeus em Madrid (1980), era ele jogador do Hamburgo, em que Portugal, aos 18 minutos, se encontrava a perder por 0-2, com golos de Scholes e McManaman e conseguiu a reviravolta, através de Figo (que golo monumental!), João Vieira Pinto e Nuno Gomes, jogando um futebol vibrante e espectacular.

Estávamos num Grupo com Roménia, Inglaterra e Alemanha (ficou em último lugar!) e fomos eliminados pela “França de Zidane” (melhor jogador do Torneio) nas meias-finais.

Um trajecto muito difícil, com jogadores tão bons quanto os já citados Luís Figo, João Vieira Pinto e Nuno Gomes, para além de Vítor Baía, Jorge Costa, Fernando Couto, Rui Costa, atletas que tive o privilégio de ver evoluir, em treinos, estágios e competições, desde que começaram a jogar futebol.

São memórias inesquecíveis, que provam a qualidade do jogador português (existiu sempre) antes do aparecimento do fenómeno C. Ronaldo, logo a seguir, que veio ajudar a cimentar a ideia de que, com um mínimo de organização, e na lógica do “Portugal exportador”, o céu seria o limite.

Ainda há muito caminho a desbravar, sobretudo na área do dirigismo e na desconstrução da ideia de amiguismo (acentuado nas dinâmicas da FPF, de fora para dentro e de dentro para fora), e creio que a este nível ainda me vou lembrar daquele dia, em Zamora, no ano de 1988, quando Luís Figo envergou pela primeira vez a camisola das quinas, na seleção de Sub-16, num jogo particular com a Espanha.

É que, este ano, ainda vamos ter eleições na FPF e estou certo de que vamos ouvir falar nele…  

Cristiano Ronaldo? Siiiiiiiiim, mas atenção a Figo, que não pode nem deve ser esquecido e está a aquecer (de novo) para ser protagonista… 

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