Charlize Theron critica ataques a drag queens em cerimónia do cinema e TV LGBTQ+

Agência Lusa , MM
8 jun, 09:47
Charlize Theron

Lusodescendente Abe Sylvia foi um dos distinguidos da noite

A atriz Charlize Theron criticou esta madrugada os ataques que têm sido dirigidos à comunidade de drag queens nos Estados Unidos, durante a primeira Celebração do Cinema e Televisão LGBTQ+ da Critics Choice Association em Los Angeles. 

“Eles estão aqui e sempre estiveram aqui”, afirmou a atriz vencedora de um Óscar, que apresentou à série sobre drag queens “We’re Here” o prémio de Reality TV. 

“A verdade é que estão a aumentar a visibilidade de algo que existe há séculos, e fazem-no numa altura em que, infelizmente, o ódio e a violência persistem na nossa sociedade diariamente”, lamentou Charlize Theron. 

“Um coro de vozes opositoras e ruidosas querem fazer-vos acreditar que vocês não deviam existir”, continuou. “Mas sejamos honestos: não há ninguém mais ruidoso que uma drag queen com uma missão”. 

A atriz reconheceu que o momento é difícil mas que não se pode desistir de lutar e fez referência às dezenas de leis que estão a ser aprovadas para restringir ou proibir espetáculos de drag queens em estados como Tennessee e Kentucky. “Drag não é um perigo para as crianças”, afirmou Charlize Theron. 

Na edição inaugural da cerimónia, que decorreu esta madrugada no Fairmont Century Plaza, vários apresentadores e premiados salientaram a necessidade de defender os direitos da comunidade LGBTQ+ e a importância da sua representação em Hollywood. 

Um dos distinguidos foi o lusodescendente Abe Sylvia, por ser o criador e showrunner da série “Palm Royale”, protagonizada por Kristen Wiig. 

“Palm Royale é, no fundo, uma fantasia gay”, disse o cineasta, descendente de emigrantes açorianos. “O meu papel como criativo foi modelado pelo meu desconforto com o conformismo”, apontou, agradecendo à Apple TV+ por ter dado o espaço e os recursos necessários para trazer a série para a luz do dia. 

O prémio ao lusodescendente foi entregue por Ricky Martin, que interpreta Robert em “Palm Royale” e a considerou “a série mais incrível do ano”. 

Ron Nyswaner, criador de “Fellow Travelers” (Skyshowtime) foi o premiado que aludiu mais diretamente à situação política, falando sobre a campanha para as eleições de novembro. 

“Temos de nos lembrar que Roy Cohn, que destruiu milhares de vidas nos anos 50, foi o mentor de um dos candidatos presidenciais”, apontou o criativo, referindo-se ao advogado que auxiliou o senador McCarthy na perseguição de homossexuais e foi mentor de Donald Trump na sua juventude. 

“Isso devia aterrorizar-nos. Esse candidato prometeu usar a presidência para perseguir os inimigos”, afirmou Nyswaner, referindo-se a Trump. “Temos de nos preocupar com a democracia”. 

Com premiados ilustres como George Takei (prémio de Justiça Social), Nathan Lane (Prémio Carreira) e RuPaul (Trailblazer), a cerimónia distinguiu também uma das atrizes transexuais mais aclamadas do momento, Nava Mau, que interpreta Teri no sucesso da Netflix “Baby Reindeer”, recebeu a estatueta de revelação. 

“A cerimónia de hoje é um testemunho do que é possível quando nos elevamos e investimos uns nos outros”, afirmou Mau. “Merecemos que acreditem em nós. Merecemos que invistam em nós”. 

A primeira edição do evento foi apresentada pela comediante Sherry Cola e vai ter transmissão no primeiro serviço de streaming LGBTQ+ dos EUA, HereTV. 

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