Sporting e Benfica entre 28 buscas policiais: César Boaventura e tudo o que se sabe sobre a Operação "Malapata"

15 dez 2021, 20:30
Polícia Judiciária

A Polícia Judiciária chegou de manhã à SAD do Sporting e pediu informações sobre atletas agenciados por César Boaventura. No final, apenas foi encontrado o caso de Tiago Augusto

Depois de 28 buscas domiciliárias e não domiciliárias em oito concelhos do país, no âmbito da Operação “Malapata”, a Polícia Judiciária deteve três pessoas, entre os quais César Boaventura e um profissional do setor metalúrgico.

A operação policial, titulada pelo DIAP Porto, visou combater crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento e atuou em colaboração com Autoridade Tributária e Aduaneira.

Ainda que não tenha incidido diretamente sobre o futebol, foram realizadas buscas no Sporting e no Benfica, fazendo regressar a longa sombra da justiça sob negócios desportivos.

A PJ chegou à SAD do Sporting às 9:00 e, segundo o mandado de busca a que a CNN Portugal teve acesso, pediu informações sobre contratos de atletas agenciados direta ou indiretamente por César Boaventura. No final, apenas foi encontrado o caso de Tiago Augusto, um jovem jogador, da formação do clube, agenciado por Boaventura, que esteve na origem da operação Cashball.

Entretanto, os leões reiteram que não são alvo da investigação e que não têm qualquer relação com o empresário do futebol. De acordo com um comunicado do emblema verde e branco, a operação decorreu rapidamente e a SAD entregou às autoridades “todos os documentos solicitados”.

No caso do clube da Luz, também foi emitido um comunicado a confirmar que “está a colaborar com as autoridades nas diligências realizadas” ao longo do dia.

Os suspeitos, de acordo com a Polícia Judiciária terão fundado uma “atividade comercial fictícia” de sociedades geridas por eles próprios, “assim como de correspondentes contas bancárias tituladas por terceiros (pessoas individuais e coletivas), em território nacional e no estrangeiro”.

PJ "está a seguir o fluxo financeiro"

Os detidos terão criado um “intrincado esquema de faturação/movimentação financeira” que “ofereciam tanto como veículo de branqueamento para terceiros, prestando assim esse serviço ilícito pelo qual seriam remunerados, como para ocultação dos proveitos gerados da própria atividade legítima dos próprios e de terceiros, nos setores indicados”.

Lendo as entrelinhas, o advogado Luís Miguel Henrique afirma que está em causa a criação de sociedades, domésticas e internacionais, que provavelmente estarão em “jurisdição off-shore” e que “detêm um conjunto de contas bancárias tituladas em terceiros”.

 

É precisamente aqui, explica o advogado, que entra o crime de branqueamento de capitais - “só acontece quando um terceiro utiliza a sociedade para poder lavar o dinheiro de outro”. 

Para Luís Miguel Henrique, é importante perceber o papel do profissional da metalurgia neste caso. Pode ter sido alguém que tenha “tinha um fundo de liquidez adicional e se associou a um empresário de futebol para poder associar-se a determinados jogadores de futebol que depois vieram parar ao Benfica e Sporting”.

Por outro lado, a Polícia Judiciária fala ainda em falsificação informática, um crime que o advogado entende que indicia um conjunto de faturação falsa: “significa que alguém manipulou um documento com a intenção de adulterar algum tipo de verdade”, explicou à CNN Portugal.

No decurso da operação policial, foi apreendida documentação diversa, mas também alguns automóveis e material informático.

No comunicado em que dá conta da operação a Polícia Judiciária explica que identificou, até ao momento, movimentos financeiros, “em diversas plataformas”, num montante que já ascende a 70 milhões de euros.

Mas há outro algarismo que gera atenção. Uma “vantagem em sede fiscal” que chega ao milhão e meio de euros.O advogado Luís Miguel Henrique acredita que isto pode estar relacionado com um imposto que não foi liquidado, “seja em sede em IRS e IRC em território nacional ou, porventura, de algum IVA que deveria ter sido pago e não foi”.

De acordo com o advogado, a polícia está agora a seguir o fluxo financeiro para ver se a contabilidade bate certo e se as fatura correspondem à realidade. 

Os detidos vão ser presentes às autoridade judiciárias para o primeiro interrogatório judicial para saberem que medidas de coação vão ser aplicadas.

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