"Será um apocalipse de calor". Temperaturas extremas, incêndios e seca assombram a Europa

19 jul 2022, 00:34
Bom tempo (Lusa/Nuno Veiga)

Portugal, Espanha, França, Itália, Reino Unido e Alemanha enfrentam problemas comuns numa Europa dominada pelo calor

Chegou o verão e o calor, mas não veio com boas notícias: o calor extremo, os incêndios, a seca e a falta de água assombram a Europa.

Portugal foi recentemente alvo de uma onda de calor, os bombeiros combatem diariamente as chamas que deflagram em vários pontos do país e a seca já é apelidada de “extrema”, com o racionamento de água a poder ser uma realidade mais próxima do que imaginado. E em território europeu a situação não é muito diferente:

Espanha

À semelhança de Portugal, Espanha está a arder: são mais de 30 os fogos ativos no país.

Incêndios que são um reflexo das temperaturas extremamente elevadas que se vivem nas terras vizinhas, com a capital espanhola e outras localidades a atingir temperaturas superiores a 40 graus. 

São temperaturas que matam: de acordo com o Instituto de Saúde Carlos III, entre 10 e 15 de julho foram registadas 360 mortes devido ao calor.

Além disso, a água começa a escassear. Com a falta de chuva, as reservas de água espanholas, na última quarta-feira, encontravam-se com 44,4% da capacidade. Uma queda face ao período homólogo no ano passado, em que as reservas estavam a 65.7% da capacidade total.

Em meados de junho, Espanha já tinha registado o maior fogo da década, em Zamora, que consumiu cerca de 25 mil hectares.

França 

Os meteorologistas alertam para um “apocalipse de calor” em França, já que mais de 8.500 pessoas fugiram das suas casas para escapar de um grande incêndio provocado por uma onda de calor no sul da Europa que já causou centenas de mortes

As temperaturas continuam a bater recordes em território francês. Brest, uma cidade na região da Bretanha, registou a maior temperatura alguma vez lá sentida: 35.8 graus. Já grande parte do resto do país registou temperaturas superiores a 40 graus. 

Consequentemente, 15 departamentos do país decretaram o estado de alerta mais elevado para temperaturas altas e 51 foram permanecem em alerta laranja.

“Em algumas áreas do sudoeste, será um apocalipse de calor”, disse o meteorologista François Gourand à Agence France-Presse.

Melanie Vogel, senadora francesa, alertou no Twitter que a temperatura do solo em França ronda os 48 graus: "Isto não é 'apenas verão'. É “apenas o inferno” e em breve tornar-se-á 'apenas o fim da vida humana' se continuarmos com nossa inação climática.

Há vários fogos ativos, com vários milhares de pessoas a ter de serem retiradas, principalmente no sul do país. Em Gironde, oito mil pessoas foram retiradas das suas casas devido a dois grandes incêndios que duram há uma semana e que já queimaram mais de 13 mil hectares de vegetação. 

Fogos ativos na Europa de 11 a 18 de julho (Copernicus)

Itália

O norte italiano enfrenta uma seca severa. Entre Parma e Reggio Emilia, o leito do rio Pó está completamente seco.

O rio é a principal artéria que atravessa o coração da Itália, onde 30% dos seus alimentos são produzidos.

A seca aliada ao facto de não chover há mais de 200 dias levou o governo italiano a declarar estado de emergência no norte italiano. O mês de maio foi o mais quente em 19 anos.

Reino Unido

Temperaturas muito mais elevadas que o habitual: é esta a realidade no Reino Unido. Esta segunda e terça-feira são os piores dias e poderão ser os dias mais quentes de sempre no país, com o local mais quente a ser Nottinghamshire, que poderá chegar aos 41 graus.

Pela primeira vez, grande parte do território do Reino Unido está sob alerta vermelho devido ao calor.

Na quarta-feira as temperaturas deverão baixar, no entanto, até lá as autoridades aconselham as pessoas a só sair de casa em caso de necessidade. Isto também para não sobrecarregar o Serviço de Saúde britânico.

Miriam Deakin, umas das responsáveis pelo serviço defendeu que o mesmo “não está preparado para lidar com tempo extremo”, tendo inclusive sido canceladas algumas operações. Os comboios também estão a funcionar a meio gás.

Alemanha

Com temperaturas um pouco mais amenas, a Alemanha também é alvo da onda de calor que afeta o continente europeu. 

Segundo um estudo da consultora suíça Prognos, encomendado pelo Ministério da Economia e da Proteção do Clima, desde 2018 a crise climática já custou ao país mais de 80 mil milhões de euros em prejuízos causados por condições meteorológicas extremas. Números que poderão aumentar depois deste verão.

O vice-chanceler da Alemanha e ministro de Economia, Robert Habeck, responsável pela proteção do clima, afirmou que “a crise climática está a atingir um ponto crítico a nível mundial”, apontando as secas no sul da Europa, as inundações na Austrália, no Madagáscar e na Alemanha.

Habeck defendeu ser “decisivo” manter as consequências mundiais da crise climática a um nível tolerável e desenvolver uma estratégia de adaptação climática para proteger as pessoas, as infraestruturas e a economia de episódios meteorológicos extremos como ondas de calor e inundações.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados