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Rui Costa ‘by’ Vieira: “Chulo e calão?!”

8 abr 2022, 12:20
Rui Costa

A Revista ‘Sábado’ publica esta semana uma matéria que dá conta da relação envenenada entre LUÍS FILIPE VIEIRA e RUI COSTA, cujos efeitos estão a fazer-se sentir na vida do Benfica. E a coisa está para durar.

Já havia conhecimento, assente em sinais e factos, de que LUÍS FILIPE VIEIRA e RUI COSTA não iam à bola juntos.

Aliás, parece claro que, nos últimos anos, o jogo de enganos entre dirigentes do Benfica era uma coisa meio palaciana, assim a modos de corte real, candelábrica, faustosa, com os restos de luxo atirados como lixo para debaixo do tapete.

O reinado de D. FILIPE VIEIRA foi sempre assim uma coisa alverquiana embutida em Versailles, uma espécie de monarquia do protelariado, que deu para fundir as elites do ESPÍRITO SANTO com a lava do bairro das Furnas e das suas suecadas fumegantes.

O primeiro embate mais a sério não foi nem com VALE E AZEVEDO, nem mesmo com MANUEL DAMÁSIO, mas com JOSÉ VEIGA, o homem que teve o poder nas mãos e que acabou por construir a auto-estrada por onde JORGE MENDES havia de fazer a sua viagem planetária.

LUÍS FILIPE VIEIRA precisava de um tabelião que lhe permitisse algum descanso nas suas conferências de salão, entre bolinhos de canela e queijadas de cicuta fresca. E assim nasceu o verde-rubro DOMINGOS SOARES DE OLIVEIRA, homem de outras visões, que a pouco e pouco foi ficando com a chave do cofre e de todos o seus segredos. Até se tornar dono daquilo tudo, embora com toneladas de discrição.

Esta coisa do co-CEO é mesmo do arco da velha. Como é do arco da velha a aceitação da cilada. Um grande banquete com honras de salão nobre e muitos silêncios. Nem a harpa se ouve.

O rei deposto era um homem de beijos e cotoveladas. Sempre foi, aliás, como se viu na relação que estabeleceu com PINTO DA COSTA. Próximos, aparentemente distantes e, por fim, tão apaixonados por caminhos sempre antes navegados.

O BENFICA não foi mais nada senão um pretexto. Nunca foi, afinal, mais do que um pretexto.

Mesmo sem saber das qualidades de liderança de RUI COSTA, os benfiquistas cedo se aperceberam que a mística do BENFICA estava mais dentro de RUI COSTA do que dentro de LUÍS FILIPE VIEIRA.

RUI COSTA apostou nisso, e os sapos que comeu foram simultaneamente tenrinhos e indigestos.

O benfiquismo (como a identificação que se tem com qualquer outro clube) não é uma injeção que se vai tomar à farmácia; ou se nasce com ele misturado no sangue ou não se nasce. 

Os glóbulos de LUÍS FILIPE VIEIRA, nas suas mutações internas, assemelham-se a uma tourada no Campo Pequeno. E onde há muito dinheiro o ‘ismo’ fenece.

Talvez o seu excesso de confiança — e provavelmente havia razões para o ter, porque a corte ia aceitando as suas contra-danças — o tenha levado um dia, segundo a ‘Sábado’, a apelidar RUI COSTA de ‘incompetente, chulo e calão’.

‘Chulo e calão’?! Eu que achava que entre, reis e rainhas, entre príncipes e princesas, só se tomava chá de cidreira.

RUI COSTA comeu o sapo, mas até foi fofinho, não lhe atirou nem um nem dois pneus, mas apenas “uma resma de papel e uma caneta”. Era certamente para escrever um poema.

O poema da retenção que culminaria na rima da detenção.

O Benfica não merece isto mas é o que é. Está retido, detido e a precisar, acima de tudo, de um banho de honra e verdade. E não está só.

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