Imigrante, que trabalha nas estufas a cortar cravos, contou ao jornalistas que teve de tirar a filha de Portugal (onde nasceu há um ano) devido a xenofobia. Um português no local pediu aos jornalistas para "não dar palco" aos imigrantes
A arruada no centro da Póvoa de Varzim estava prestes a começar quando André Ventura, líder do Chega, ladeado por Tânger Corrêa e outros membros da comitiva, foi parado para ouvir um imigrante que só queria "fazer uma pergunta".
Iqbal, natural do Bangladesh, está há três anos em Portugal com "tudo direitinho". Confrontou André Ventura com a história dos imigrantes que trabalham no mar e viu o líder do Chega responder-lhe que "isso é um problema da empresa" e que "muitos portugueses não querem trabalhar no mar".
O imigrante tentou contar a sua história: "Eu tenho uma filha nascida cá, mandei-a embora quando vi pessoas a reclamar. Eu estou muito triste. A minha filha só tem um ano e eu mandei-a embora", afirmou Ikbal enquanto se emocionava e ouvia Ventura responder-lhe que ele tinha de "cumprir as regras".
O imigrante, que trabalha nas estufas a cortar cravos, afirmou depois aos jornalistas que "faz tudo direitinho" e que mandou a filha embora por causa de xenofobia - e chamou mesmo "racista" a Ventura, a quem acusou de "estar no parlamento a reclamar e não fazer nada".
"Estou muito chateado, muito triste", afirmou Iqbal.
E era enquanto falava com os jornalistas que um jovem português mostrou aquilo de que Iqbal se queixava: "Viva Portugal. Parem de lhe dar palco. Ainda existem portugueses neste país", ouviu-se.
