"Dá-me ideia que até combinavam". Portas denuncia "tática perigosa de quem brinca com o fogo" entre PS e Chega

5 mar, 22:54

Portas denuncia “combinação táctica entre socialistas e extremistas” e revela qual é “o maior receio do PS”: a AD conseguir fazer “economicamente melhor” do que os governos de Costa

Paulo Portas declarou esta terça-feira num jantar-comício nas Caldas da Rainha que o maior medo do Partido Socialista (PS) é que a Aliança Democrática (AD) faça “economicamente melhor” do que os oito últimos anos de governo socialista. “O que têm medo é que um governo da AD consiga mais crescimento económico, mais rendimento e produtividade dos trabalhadores, muito melhor gestão da política social e tudo isto moderadamente, gradualmente e com uma carga fiscal menos pesada”. 

Num discurso amplamente ovacionado pelos mais de 2.500 convidados no comício na Expoeste, o ex-vice-primeiro-ministro denunciou o “relato intelectualmente fraudulento, segundo o qual a esquerda dá e os outros retiram”. “ Esse relato, pode ser que assim seja, dará o seu último suspiro no próximo domingo”, afirmou, sublinhando que nestas eleições, “pela primeira vez em muitos anos”, “o centro-direita tem a possibilidade de governar com um cenário macroeconómico de crescimento moderado”. 

Antigo líder do CDS-PP alertou para formação de uma geringonça 2.0 perante a instabilidade internacional/ LUSA

 

Paulo Portas atacou também aquilo que diz ser uma relação de forças entre o Chega e o Partido Socialista. “Esta táctica perigosa de quem brinca com o fogo foi seguida no parlamento nos anos de maioria absoluta no PS”, diz, reiterando que observou uma “combinação táctica do ‘eu ofendo-te, tu ofendes-me e logo à noite no jornal passamos nós os dois e o centro de direita, a alternativa, não passa”. “Dá-me ideia que até combinavam”, apontou. 

O objetivo dos socialistas, continuou Paulo Portas “era tornar o PSD o mais invisível possível, puxando pelos extremistas e esses fazendo o favor aos socialistas”.

O antigo líder do CDS-PP referiu ainda que “falhou a tentativa de polarizar a campanha para ter de um lado o socialismo e do outro o extremismo”. “Se a opção fosse essa, isso quereria dizer que em Portugal só haveria políticas resignadas ou extremadas, Portugal não é felizmente assim”.

Paulo Portas marca presença na campanha da Aliança Democrática/ LUSA

 

"Não queiram acordar com Pedro Nuno Santos primeiro-ministro e uma geringonça a caminho"

Paulo Portas diz, aliás, que a campanha de Pedro Nuno Santos está a “mostrar alguma aflição”, porque está a ser “muito difícil” transformar “alguém que esteve 8 anos no consulado do PS num produto novo”. E apontou para quando António Costa foi a Belém entregar quatro nomes para formar governo sem ir a eleições. “Parece não haver controvérsia sobre Costa ter indicado quatro nomes para o substituir e nenhum ser Pedro Nuno Santos”. “Porque será que António Costa quer convencer-nos que devemos ter como primeira escolha aquele que no melhor cenário seria a sua quinta escolha de um governo altamente perdedor”, questionou Portas.

Vincando que com Pedro Nuno Santos, “haverá extremistas no Governo”, ao contrário de Montenegro que assumiu uma política de não é não com o Chega, Paulo Portas pediu aos eleitores que “não adormeçam sábado a pensar que este ciclo triste vai acabar” e “não queiram acordar com Pedro Nuno Santos primeiro-ministro e uma geringonça a caminho, porque em vez de votarem na AD dispersaram o seu voto”.

“Esta não é uma questão secundária”, reforçou Portas, sublinhando que “o que levou Pedro Nuno Santos a ganhar as primárias no PS foi querer uma geringonça 2.0”. Após, pediu que os eleitores estejam cientes de que quando a primeira geringonça foi formada, a Rússia ainda não tinha invadido a Ucrânia e “não havia uma ameaça sobre o ocidente" e de "o isolacionismo de uma certa parte dos EUA triunfar e reduzir o seu empenhamento na NATO”.

“Será sábio em tempos desta incerteza ter um Governo com a presença do PCP que é pró-russo e do BE que é anti-nato? Tenho muitas dúvidas”, realçou, virando-se depois para o Chega. “Quem são os aliados internacionais do tal partido extremista? São Salvini, que usava uma t-shirt que dizia i love Putin e a AFD alemã que, não só é russófila, como agora quer um referendo para sair da Europa”. “Cuidado com amigos destes”.

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