Portugal-Rep.Irlanda (sub-21), 3-1 (crónica)

6 out 2000, 23:34

A História, a custo, repete-se Deu muito trabalho, mas os sub-21 portugueses lá conseguiram, tal como tinham feito na Estónia, virar a desvantagem de 0-1 para uma vitória final de 3-1. Conseguiram-no à custa de personalidade, persistência, ambição, que acabaram por fazer com que a imperfeição nos passes fosse ultrapassada.

Depressa e bem sempre foi a forma ideal de fazer muitas coisas, uma delas, sem dúvida, o futebol. Mas juntar velocidade à perfeição na execução não é fácil e foi o que faltou à Selecção portuguesa de sub-21 para conseguir uma vitória confortável diante da República da Irlanda, no segundo encontro da qualificação para o Campeonato da Europa de 2002. 

A vitória lá apareceu, na segunda parte, mais graças ao suor que à habilidade. A exibição da Selecção nacional foi suficiente mas não deslumbrou, chegando mesmo a assustar. Tudo acabou bem graças à insistência e personalidade dos portugueses, que provaram que a História se repete. 

Já na Estónia, no primeiro encontro da qualificação, tinham estado em desvantagem e acabaram por vencer por 3-1, para um dia depois a equipa principal repetir o resultado. Em 1995, mesmo ao lado da Marinha Grande, em Leiria, os sub-21 portugueses também tinham batido a Irlanda por 3-1, um dia antes da vitória dos AA Estádio da Luz que permitiu a qualificação para o Campeonato da Europa de 96. Coincidências que animam os portugueses para amanhã, depois de mais uma vez os sub-21 terem deixado o exemplo, provando que podem ambicionar a grandes conquistas. 

Golo na altura improvável 

Nada que se pensasse, no entanto, à meia hora de jogo na Marinha Grande. Os irlandeses entraram muito fortes, a pressionar o meio-campo português, que não acertava nas marcações, destapando o lençol na defesa, nem conseguia organizar a saída para o ataque, falhando muitos passes. 

A República da Irlanda apostou num futebol objectivo, apoiado, com a bola a entrar nos avançados e os médios a surgirem logo na ajuda. Barratt, solto nas costas dos dois pontas-de-lança, era o principal criador de desequilíbrios. A equipa portuguesa não percebia quem devia marcá-lo - Ednilson optava por tentar pressionar no meio-campo, enquanto Fredy e Marco Almeida ficavam esquecidos nas alas - e a Irlanda foi criando oportunidades atrás de oportunidades, a mais flagrante das quais aos 15 minutos, quando Reddy obriga Sérgio Leite a grande defesa, depois de ultrapassar Marco Almeida. 

Ao fim de meia-hora de sobressalto, a situação lá melhorou para os portugueses. A Irlanda perdeu o gás, a percentagem de passes certos da equipa de Agostinho Oliveira subiu e foi a vez de Delaney passar por alguns sustos. Marco Almeida (duas vezes), Miguel e Paulo Costa estiveram perto de marcar, mas não concluiram da melhor forma, e acabou por ser a Irlanda a chegar ao golo, numa altura em que o meio-campo já não apoiava o ataque como no início e em que Doherty e Reddy pareciam entregues à sua sorte. 

E estavam. Mas foram suficientes para bater o trio defensivo português. Doherty ganhou sobre Faísca, Reddy antecipou-se a Tonel e Portugal foi a perder para o balneário, com um golo sofrido na altura mais improvável, quando o pior parecia ter passado. 

Insistência nos mesmos princípios 

Agostinho Oliveira ateimou. Entendeu que os 15 minutos finais do primeiro tempo tinham mostrado que a forma pensada para ultrapassar a Irlanda podia resultar e decidiu não mexer na equipa. Logo no primeiro minuto Miguel provou que o seleccionador tinha razão. 

Servido por Hugo Leal, o extremo do Benfica entrou na área, tirou Healy do caminho e rematou para o poste mais distante. Para o poste mesmo, em cheio, com o público surpreendido, depois de gritar golo, que a bola não fosse a meio-campo. Tinha morrido, depois de bater no ferro, nas mãos do guarda-redes Delaney. 

O lance assinalou a tendência do segundo tempo. A República da Irlanda procurava defender-se, suster a velocidade dos portugueses, mas o perigo lá ia aparecendo junto da baliza visitante. Aos 52 minutos um tiro de Ednilson obrigou Delaney a grande defesa. 

Hugo Leal e Ednilson, que formavam a dupla do meio-campo português, começaram a acertar mais do que falhavam e a equipa melhorou de imediato. Nas alas, no entanto, Marco Almeida e Fredy continuavam a não aproveitar as facilidades e o espaço de que dispunham - o estilo desta Irlanda é algo diferente do habitual no futebol britânico; as bolas chegam na mesma aos avançados como forma de sair para o ataque, mas tudo se passa pelo meio, nunca pelos flancos. 

Subida de Hugo Leal assinala reviravolta 

Tinha, inevitavelmente, de surgir pelo centro do terreno o empate de Portugal. Uma perda de bola a meio-campo dos irlandeses deixou a bola nos pés de Hugo Leal. E desta vez o médio do Atlético de Madrid agiu depressa e bem. Serviu rapidamente Cândido Costa, que se desmarcava, e o jogador do F.C.Porto finalizou com frieza, empatando a partida. 

O mais difícil estava feito, a persistência dos portugueses já tinha valido o empate. O golo trouxe ainda mais ânimo, coisa que os comandados de Agostinho Oliveira já tinham com fartura, e as ocasiões de golo sucederam-se, com Hugo Leal, finalmente, a assumir o papel de organizador de jogo. 

Fredy, Cândido Costa e Paulo Costa ameaçaram, Ednilson foi quem concretizou a reviravolta, num livre directo exemplar, com 77 minutos decorridos. 

Cinco minutos depois, Semedo, entrado há pouco, ganhou na insistência com um defesa irlandês e com o guarda-redes Delaney, que chegou primeiro mas não conseguiu afastar em condições, e entrou pela baliza adversária com a bola nos pés. Estava feito o 3-1, a vitória estava segura, até ao final Portugal geriu o resultado, com a segurança que não tinha exibido até ao seu primeiro golo.

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