"Putin exagerou na força do seu poderoso exército": Rússia não tem soldados suficientes para atacar a Finlândia

CNN Portugal , BCE
8 abr, 17:19
Presidente da Rússia, Vladimir Putin (AP)

A Finlândia tem quase dois milhões de cidadãos prontos para prestar serviço, numa população de 5,6 milhões, e 24 mil soldados no ativo, que contam ainda com 53 mil efetivos paramilitares

O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou recentemente deslocar novamente tropas para perto da fronteira do país com a Finlândia, mas a "aritmética" não está a seu favor, conforme revela uma análise do Politico.

Em entrevista à agência estatal russa RIA Novosti, Vladimir Putin prometeu deslocar tropas para a fronteira da Rússia com a Finlândia, que se estende por mais de 1.300 quilómetros. Mas segundo o major-general Pekka Toveri, antigo chefe dos serviços secretos da Finlândia, as forças russas "não terão recursos para construir infraestruturas, produzir novo armamento pesado e recrutar um número considerável de forças" naquela fronteira "antes de 2030".

É certo que as forças russas "ainda têm a 138.ª Brigada de Fuzileiros Motorizada em Kamenka [perto de São Petersburgo", a cerca de 50 quilómetros da fronteira com a Finlândia, observa o major-general. "Mas a guarnição está bastante vazia, sem tropas prontas para o combate, porque estão todas na Ucrânia", acrescenta, salientando ainda que mesmo as cinco brigadas mais próximas da fronteira "já tinham metade do número de soldados antes da guerra".

Prova da dificuldade na recruta para o exército é o facto de a Rússia ter entregue algumas áreas aos mercenários do Grupo Wagner. Além disso, o exército foi recrutar às prisões russas cerca de 100 mil condenados em troca de liberdade, para logo depois ter decretado uma mobilização parcial - que, segundo o Politico, não foi totalmente bem-sucedida, "uma vez que muitos homens elegíveis já tinham deixado o país" naquela altura.

No final do ano passado, Putin anunciou que quer aumentar o contingente militar na Ucrânia (que, na altura, era de 617 mil soldados). Mas esta ambição revela-se um desafio para a Rússia, observa o Politico, salientando que "é difícil sustentar uma força de 600 mil homens na Ucrânia quando o tamanho total das forças armadas da Rússia é de 1,15 milhões".

Em dezembro passado, o presidente russo ordenou um aumento das forças armadas para cerca de 1,32 milhões, na mesma altura em que o ministro da Defesa da Federação Russa, Sergei Shoigu, sugeriu um aumento para 1,5 milhões até 2026.

Ao contrário da Suécia, que desde a década de 1990 decidiu encolher as suas forças armadas, a Finlândia nunca descurou a sua defesa, mantendo o serviço militar obrigatório, com o objetivo de "manter a prontidão das forças armadas". O treino militar é cumprido anualmente por cerca de 21 mil recrutas.

Segundo o Global Firepower Index, a Finlândia tem quase dois milhões de cidadãos prontos para prestar serviço, numa população de 5,6 milhões, e 24 mil soldados no ativo, que contam ainda com 53 mil efetivos paramilitares.

Neste contexto, escreve o Politico, "desta vez, Putin exagerou na força do seu poderoso exército e subestimou a capacidade dos políticos ocidentais de compreenderem a aritmética básica", sobretudo tendo em conta a adesão da Finlândia à NATO.

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