Choveu com força, choveram cravos, choveram rosas, choveram confetis. E choveu apoio a Pedro Nuno em Santa Catarina

7 mar, 19:21

"Que cada um leve um indeciso", pede Pedro Nuno Santos no final da tradicional arruada na rua de Santa Catarina, no Porto. Há festa socialista no coração da Invicta. Muita vontade de beijar, de tocar, de desejar boa sorte. Nem a chuva, que cai com força, desarma a multidão. Espera-se que arruada molhada seja abençoada no domingo. Pelo sim, pelo não, há quem peça à Senhora de Fátima que interceda

Há maratonas que confirmam que, apesar dos obstáculos, é sempre possível alcançar o objetivo. Maria dos Prazeres Pereira é prova disso. Vai desde o primeiro minuto lado a lado com a caravana socialista pela Rua de Santa Catarina, no Porto. Quer muito dar um beijo ao líder do PS. "Se ele não ganhar, melhor para ele, não se chateia tanto. É bonito demais para isto".

Maria dos Prazeres Pereira desejosa para dar um beijinho ao líder do PS (CNN Portugal)
Pedro Nuno Santos no meio da multidão (Lusa)

É que Pedro Nuno Santos, apesar de tão perto, está tão longe. No meio da bolha de jornalistas, rodeado por jotas, como é habitual nesta incontornável etapa da campanha. É preciso ter sorte, conseguir a confiança dos seguranças para lá chegar. E a mancha de gente é tão grande, há tanto empurrão.

"Onde está? Quero ver!", "ele está a andar muito", "ai, quero ir para lá", "já lhe apertei a mão". São muitas as maneiras de o Porto mostrar apoio ao candidato a primeiro-ministro. O clima é de festa. E a chuva que começa a cair não estraga nada. Os socialistas estão de alma lavada. Alguns abrem os guarda-chuvas.“Olhe, mesmo com esta chuva, a força da nossa campanha”, reage Pedro Nuno.

Uma arruada cheia de guarda-chuvas (CNN Portugal)

Ao longo do percurso, há algumas exceções: um jovem que grita "és um gatuno, és um gatuno"; outro homem que o chama "incompetente"; um terceiro que tenta furar a segurança com um cartaz sobre os lesados do BES.

À frente os cabeçudos e os tambores. Depois Pedro Nuno Santos, envolto na chamada bolha. A seu lado, as presenças assíduas sempre que a campanha passa pelo Porto: o cabeça de lista pelo distrito Francisco Assis, o ministro da Saúde Manuel Pizarro e a atleta olímpica Rosa Mota - a última chega a desaparecer na confusão durante alguns minutos, gerando preocupação ao líder socialista. Mas lá reaparece.

Assis, Pizarro e Rosa Mota lado a lado com Pedro Nuno Santos (Lusa)

Adosinda Resende vê-os passar a todos. Aos 76 anos, não tem medo da chuva. "Sempre votei no PS. Oxalá ele ganhe". Está aqui de propósito para assistir à histórica arruada. Mas tem outra ligação ao PS que faz questão de contar: "sou prima direita do pai do José Luís Carneiro", o ex-rival interno à liderança do PS. Preferia ver o primo a subir a rua? Ela não se compromete.

Adosinda Resende fica a ver a festa passar (CNN Portugal)

Do céu não cai só chuva. Caem cravos atirados ao candidato, caem rosas das janelas. E, no fim, depois das palavras de "ânimo" do líder, caem confetis verdes e brancos, nas cores da campanha. "Estamos a mostrar a nossa força, a vontade de continuar a avançar", diz Pedro Nuno Santos num palco improvisado, de cabelo molhado.

E, mais uma vez, o apelo a todos aqueles que no passado votaram em António Costa, para atingir um resultado confortável: "Vamos apelar aos que votaram ao PS em 2022, vamos apelar a todos os portugueses, àqueles que não estão nas televisões, nas redes sociais ou nas sondagens.

"Que cada um leve um indeciso, convença para melhorar os vossos salários, as vossas pensões, o nosso serviço nacional de saúde", desafia. E dá um motivo: "a mudança boa é connosco, a mudança má é com eles". Soam os foguetes, o PS quer fazer festa, festa a sério, maior do que esta, no domingo.

Pedro Nuno Santos quer recuperar o apoio de quem votou em António Costa em 2022 (Lusa)

Alice Estrela, de casaco amarelo, sempre à frente do pelotão socialista na Rua de Santa Catarina, concorda. "Permita a Senhora de Fátima que ele ganhe, que não vão os fascistas".

Lembra-se de Maria dos Prazeres Pereira do início do texto? Fica até ao fim, a ver Pedro Nuno a ir embora no carro. O casaco às flores está molhado. Ela não se importa. "Consegui". Beijou o secretário-geral do PS. E ainda leva um molho de cravos para casa.

Festa com direito a confetis e foguetes (CNN Portugal)
Na despedida de Santa Catarina (Lusa)

Minutos depois, a arruada do principal rival, faz o mesmo percurso. Mais organizada, mas também mais pequena do que a socialista.

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