Se não houve condições para ser ministro, há para ser primeiro-ministro? Pedro Nuno Santos: "Tenho os resultados, a experiência e as respostas"

6 mar, 23:01
Pedro Nuno Santos em Torres Vedras (Lusa/ANTÓNIO PEDRO SANTOS)

Em resposta a este ataque, que tem sido recorrente na Iniciativa Liberal, Pedro Nuno Santos responde: "o meu adversário é a AD"

A 29 de dezembro de 2022, Pedro Nuno Santos apresentou a sua demissão como ministro das Infraestruturas e da Habitação. Na explicação, todos os motivos estavam relacionados com a polémica indemnização de 500 mil euros paga à ex-administradora da TAP, Alexandra Reis.

“Face à perceção pública e ao sentimento coletivo gerados em torno deste caso [TAP], o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, entende, neste contexto, assumir a responsabilidade política e apresentou a sua demissão ao primeiro-ministro”, lia-se na missiva.

Mais de um ano depois, esse pedido de demissão continua a alimentar as críticas ao agora secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro, protagonizadas sobretudo pela direita e replicadas nas redes sociais. Com a seguinte fórmula: como é que alguém que não teve condições para ser ministro, tem agora condições para ser primeiro-ministro?

Foi essa a pergunta que fizemos a Pedro Nuno Santos durante uma arruada em Torres Vedras. E a resposta foi direta: "Tenho os resultados, tenho a experiência, tenho as respostas para resolver os problemas dos portugueses".

Uma das vozes que tem alimentado esta crítica a Pedro Nuno Santos é Rui Rocha, presidente do Iniciativa Liberal, que ainda esta semana voltou a criticar a competência do socialista. "Pedro Nuno Santos, da forma como saiu do Governo, numa empresa não voltaria a ter responsabilidades. Como é que pode agora aspirar sequer a ser primeiro-ministro de Portugal?", afirmou na terça-feira.

Mas Pedro Nuno Santos não pareceu importado com este ataque: "O meu adversário é a AD". É nesse sentido que tem seguido toda a campanha, lembrando o passado de cortes do PSD e de Luís Montenegro, com apelos ao voto útil, sobretudo dirigido a idosos e mulheres.

(Lusa)

O papel de Costa: apoia quem demitiu?

António Costa voltou na terça-feira à campanha do PS, no comício na Aula Magna, em Lisboa. Antes, já tinha passado, com direito a discurso, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto. E também a postura de António Costa no apoio a Pedro Nuno Santos tem sido questionada. Com esta lógica: como é que se apoia alguém que se demitiu?

Foi com uma piada neste género que o humorista Ricardo Araújo Pereira, para trazer o ataque à falta de experiência governativa de Luís Montenegro, lançou o desafio a Pedro Nuno Santos: enquanto empregador, preferia dar ocupar a vaga com alguém sem experiência nas funções ou alguém com experiência mas que acabou "despedido"?

"Em primeiro lugar não fui despedido", reagiu Pedro Nuno Santos. Tecnicamente foi ele quem apresentou o pedido de demissão. António Costa validou-o depois. Mas na justificação escreveu o seguinte: "Destaco o seu contributo decisivo para a criação de condições de estabilidade política enquanto Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e a energia com que assumiu as suas atuais funções, nomeadamente nas políticas ferroviária e da habitação".

Costa inclusive já tinha segurado o ex-ministro num outro momento de crise. Após Pedro Nuno Santos ter anunciado uma solução para o novo aeroporto de Lisboa sem concertá-la com o primeiro-ministro, em junho de 2022, António Costa considerou que se tratou de um "erro grave", mas não feito de "má fé". Acabou a determinar a revogação do despacho.

"Já passaram quase dois anos desse despacho e não há nenhuma decisão tomada", reagiu também esta quarta-feira na entrevista a Ricardo Araújo Pereira.

Na altura, interrogado sobre as condições políticas de Pedro Nuno Santos para se manter no executivo, respondeu: “Acho que a confiança está totalmente restabelecida”.

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