Pessoas que tomam Ozempic e Wegovy têm menos probabilidade de ter pensamentos suicidas, diz um novo estudo

CNN Portugal , MJC
5 jan, 18:58
Ozempic (JOEL SAGET/AFP via Getty Images)

A investigação, financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, pode tranquilizar alguns pacientes depois de a Agência Europeia de Medicamentos ter levantado essas preocupações no ano passado

Pessoas que tomam os medicamentos Ozempic, para tratar a diabetes (e mais recentemente utilizado para a perda de peso), e Wegovy, para combater a obesidade, têm "um pouco menos probabilidades" de ter pensamentos suicidas do que pessoas que não os tomam, de acordo com uma investigação revelada pelo New York Times.

Milhões de pessoas tomam Ozempic e Wegovy, dois dos medicamentos mais populares neste momento. Mas em julho do ano passado um comité da Agência Europeia de Medicamentos, que avalia e monitoriza a segurança dos medicamentos, anunciou que estava a investigar relatos provenientes da Islândia de que alguns pacientes que tomavam Ozempic ou Wegovy tinham dito que pensavam em suicidar-se ou que se magoavam deliberadamente. A agência disse que encontrou e está a analisar cerca de 150 casos desse tipo. Mas esses relatos são difíceis de interpretar. As pessoas tiveram pensamentos por causa das drogas? Ou por outros motivos? Não foi possível estabelecer qualquer causalidade, mas Monika Benstetter, porta-voz da agência europeia, garante que o tema continua a ser estudado.

Por isso, Rong Xu, diretor do Centro de Inteligência Artificial para Descoberta de Medicamentos da Universidade Case Western Reserve, em Cleveland, e Nora D. Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, decidiram fazer essa investigação. Volkow disse que o risco de suicídio era possível com os medicamentos porque “outros tratamentos anti-obesidade que pareciam promissores e foram investigados no passado foram descontinuados devido ao risco de comportamentos suicidas”. 

O novo estudo, publicado na revista Nature Medicine, foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. A equipa garante que a Novo Nordisk, fabricante dos medicamentos, não teve qualquer interferência no estudo. 

Os investigadores usaram registos de saúde eletrónicos anonimizados de um banco de dados de 100,8 milhões de pessoas. Isso permitiu-lhes analisar dois grupos: 240.618 aos quais foi prescrito Wegovy ou outros medicamentos para perda de peso, e 1.589.855 aos quais foi prescrito Ozempic ou outros medicamentos para reduzir o açúcar no sangue. 

Os investigadores compararam a incidência de pensamentos suicidas em pessoas que tomavam os medicamentos com a incidência entre pessoas semelhantes que não os tomavam, mas que tomavam outros medicamentos para perda de peso e anti-diabéticos. Também perguntaram se houve um aumento na recorrência de pensamentos suicidas entre aqueles que tomaram os medicamentos e que já haviam relatado pensamentos suicidas.

As descobertas podem potencialmente tranquilizar as pessoas que tomam os medicamentos. “Não vimos nenhum risco aumentado”, disse Rong Xu. Mas sublinhou que este foi um estudo observacional, por isso é impossível tirar conclusões sobre causas e efeitos. Tais estudos só podem mostrar associações. “Mais estudos são absolutamente necessários”, defendeu Volkow.

Uma porta-voz da Food and Drug Administration (FDA), o regulador norte-americano, afirmou ao NYT que embora a agência continue a monitorizar os medicamentos já se percebeu “que os benefícios destes medicamentos superam os seus riscos quando são usados de acordo com a rotulagem aprovada pela FDA”.

“As descobertas do estudo apoiam os dados de segurança recolhidos de grandes programas de ensaios clínicos e de vigilância pós-comercialização”, acrescentou Ambre James-Brown, porta-voz da Novo Nordisk.

A equipa concluiu outro estudo, usando o mesmo banco de dados, perguntando se Ozempic e Wegovy reduzem o desejo por cigarros e álcool. Esse estudo que está ainda em processo de revisão por uma revista especializada conclui que aqueles que tomam estes medicamentos, de facto, relatam menos interesse em beber e fumar.

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