Posso acabar com mais peso após tomar os medicamentos da moda para emagrecer? Tome aqui uma dose de informação

27 jan, 18:00
Comprimidos

Ozempic. Certamente já ouviu o nome deste medicamento nos últimos tempos. De uma forma simples, é direcionado a diabéticos tipo II e atua na inibição do apetite. Tem sido visto por muitos como uma “cura milagrosa” para perder peso, ao ponto de existirem ruturas de stock - mas é mesmo?

Fica a dúvida: alguém pode voltar a ganhar peso ou ficar mesmo com um peso acima daquele que tinha quando deixa de tomar medicamentos como o Ozempic? A resposta de três nutricionistas não deixa margem para dúvida: esse risco é real.

“Com a cessação do fármaco, o efeito de diminuição de perda de apetite já não é sentido. Logo, se não tiver tido uma boa adesão às mudanças no seu estilo de vida, em termos de alimentação e atividade física, existe o risco de ocorrer reganho ponderal e, em certos casos, até superior ao peso inicial”, confirma a nutricionista Ana Rita Lemos do Hospital Lusíadas Lisboa.

“Se deixamos a medicação e voltamos a ter um alto consumo de alimentos e, sobretudo, de açúcares ou hidratos de carbono com alto índice glicémico, o efeito não perdura e o paciente pode voltar a subir de peso”, reforça Isanete Alonso, nutricionista do Hospital da Cruz Vermelha. Segundo a especialista, são recorrentes as queixas das pacientes que dizem que “depois de um tempo [o Ozempic] não faz efeito”. Isto é justificado pela “adaptação à dose” e por não existirem alterações na dieta ou nos hábitos de atividade física. “Esperam que o medicamento funcione sozinho, situação que não deveria acontecer”, remata.

Isanete Alonso explica, contudo, que nas consultas do hospital onde trabalha não há “grandes problemas de reganho de peso” porque é mantido “um tratamento coadjuvante com uma dieta adequada”.

Também Patrícia Segadães, nutricionista da Clínica CogniLab, insiste na necessidade da adaptar mudanças de estilo de vida: “O risco de voltar a ganhar o peso perdido, quando alguém deixa de tomar Ozempic, é real. Sem a [substância] semaglutida, o efeito inibidor do apetite cessa e as respostas de saciedade voltam ao normal em algumas semanas ou meses. Sem alterações do estilo de vida, o risco de recuperar peso, ou até de ganhar mais alguns quilos, pode sem dúvida acontecer.”

Esta especialista revela que “são alguns os casos de quem tenha recuperado peso perdido e procure, depois do tratamento com este tipo de substância, ajuda para alterar hábitos alimentares”.

(Joel Saget/Getty Images)

Mudanças profundas só com novos hábitos

A substância ativa no Ozempic, a semaglutida, é responsável por inibir o apetite. Com o menor consumo de alimentos, menos calorias ingeridas. E, logo, maiores probabilidades de perder peso através do chamado défice calórico. Só quando consumimos menos calorias do que aquelas que gastamos é que vemos resultados na balança. Se é esse o seu desejo, procure um especialista, que definirá o plano apropriado para si. Nada de entrar em modas e dietas com promessas rápidas.

“Os resultados de perda de peso atingidos nestas pessoas [a tomar Ozempic] estão fortemente correlacionados com uma boa adesão a mudanças de estilo de vida, em termos alimentares e de prática desportiva”, sublinha Ana Rita Lemos. As colegas de profissão insistem na mesma necessidade.

“O medicamento age nos recetores do sistema nervoso como um agonista da [hormona gastrointestinal] GLP-1 e faz com que retarde o esvaziamento gástrico, levando a uma sensação de saciedade e falta de apetite”, resume Isanete Alonso.

Esta nutricionista insiste que, além das mudanças na alimentação e no exercício físico, é preciso prestar muita atenção à hidratação. Para evitar efeitos colaterais como náuseas, vómitos, diarreia ou hipoglicemia.

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