O vinho tinto faz mesmo melhor do que o branco? Leia e brinde às suas certezas

15 ago 2023, 12:00
Vinho (Pexels)

O vinho não faz milagres. Talvez deixar aquele amigo carrancudo a dançar seja um milagre. Mas o último de que há registo foi, mais coisa menos coisa, há dois mil anos, quando o profeta transformou água em néctar sagrado

Para as nutricionistas é claro como água, a sua bebida de eleição, o vinho, não é saudável. Tem álcool, logo, não é saudável. E por isso não vamos pôr a questão nestes termos.

Mas, à mesa, certamente que já ouviu esta. Branco ou tinto? “Branco não, bebo tinto que me faz melhor”. E não estamos a falar dos efeitos do álcool. É mesmo dos efeitos na saúde. Será mesmo assim? Chamámos duas nutricionistas e uma enóloga para explicar. Girl power, vamos lá!

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O que os distingue?

Afinal, qual a diferença do vinho tinto para vinho branco? Não, não é só o tipo de uvas. A diferença está no facto de, no vinho tinto, se usar a pele, as grainhas ou sementes e os caules das uvas. No branco, é utilizada apenas o sumo ou polpa das uvas, também conhecidos como mosto.

No vinho branco, as uvas são prensadas. As peles, as grainhas e os caules são retirados antes da fermentação. Já o vinho tinto fermenta com tudo, com as chamadas massas. E é à custa dessa mistura que o vinho tinto ganha cor.

É um resumo das explicações dadas pela nutricionista Paula Beirão Valente da Clínica Espregueira Porto, pela nutricionista Mariana Cortes da Clínica Agita Kalorias e pela enóloga Marta Maia, a trabalhar na Santa Vitória, empresa do grupo Vila Galé que se dedica à produção de vinho.

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O que faz melhor?

Então, porque é que o vinho tinto tem melhor fama do que o branco? “Como resultado da fermentação com as peles, as sementes e os caules, o vinho tinto é particularmente rico em polifenóis, antioxidantes favoráveis à saúde, como os taninos e o resveratrol. O vinho branco também tem alguns destes compostos, mas geralmente em quantidades muito inferiores”, explica Mariana Cortes.

“Esta diferença no modo de produção é responsável pela maior concentração de nutrientes e polifenóis no vinho tinto, assim como pela diferença nos sabores”, completa Paula Beirão Valente.

Ainda não está convencido? Então vamos à terceira especialista, a enóloga Marta Maia: “Os compostos fenólicos são os principais responsáveis pelas propriedades antioxidantes dos vinhos, que podem ser benéficas para a saúde. Os vinhos tintos apresentam maior teor de compostos fenólicos do que os brancos, já que são sujeitos a maceração pelicular durante (e muitas vezes após) a fermentação. Na perspetiva dos benefícios que os compostos antioxidantes têm para a saúde, os tintos são mais saudáveis do que os brancos, pois têm na sua composição maior quantidade destes compostos”.

Leu a palavra saudável para falar de um vinho? Os enólogos podem usá-la, as nutricionistas nem por isso.

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Tinto ganha nas calorias

Quando se fala em “saudável”, há tendência também para comparar calorias. “Entre o vinho tinto e o vinho branco, as diferenças não são notórias”, aponta a nutricionista Paula Beirão Valente.

Já a enóloga Marta Maia lembra que “o vinho tinto tem mais calorias do que os brancos, o que pode inverter essa visão de saudável”.

É tudo uma questão de contenção. Brindemos a isso! E, já agora, um copo de vinho tem, em média, 70 a 100 quilocalorias (kcal). Mas não há nada como espreitar o rótulo para confirmar.

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