«4x4x3»: Bernardo, oficial de ligação em França

13 out 2015, 10:47
4x4x3

Jogador do Mónaco pode clarificar a identidade ofensiva da Seleção

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. 
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Apuramento garantido a uma jornada do fim e fechado com sete vitórias consecutivas. A campanha de Portugal rumo ao Euro2016 é inatacável, mesmo que a identidade da equipa ainda esteja a criar raízes.
 
São dores de crescimento naturais, tendo em conta que Fernando Santos assumiu o comando da equipa já com o apuramento a decorrer, e o tempo para que os selecionadores treinem as suas ideias é sempre curto. A prioridade era ganhar, e isso foi conseguido. Mesmo que tenha sido sempre pela margem mínima.
 
Mais do que a famosa nota artística, importa olhar para a consolidação de processos. E a nível defensivo a Seleção de Fernando Santos tem apresentado elevada segurança, atestada pelos quatro golos sofridos em sete jogos (três de bola parada e apenas um de bola corrida, a fechar a campanha). Mérito da estratégia do selecionador, que resistiu às constantes mudanças forçadas no setor mais recuado.
 
No plano ofensivo as ideias parecem menos claras. A equipa mostra-se mais hesitante, confusa e previsível. A aposta em Cristiano Ronaldo para falso ponta de lança trouxe estabilidade defensiva, nomeadamente no corredor esquerdo, mas a mobilidade da frente de ataque (e não apenas do capitão) ainda se confunde muitas vezes com anarquia.
 
Portugal mostra-se cómodo em contra-golpe e desconfortável em ataque organizado. Parece mais preparado para defrontar a Espanha do que a Irlanda do Norte.  O equlíbrio está encontrado, mas agora falta a capacidade para assumir o controlo do jogo. Falta a ligação entre a classe operária e a equipa criativa. E é aí que Bernardo Silva pode ser muito útil.


 
Primeiro pelo enquadramento tático. Se Fernando Santos tem balançado entre o 4x4x2 e o 4x3x3, o jogador do Mónaco tem a capacidade de conciliar as duas fórmulas em campo. Alterna entre a ala e a posição «10», num movimento sem bola, a explorar o espaço entre linhas. Nani fica mais próximo de Ronaldo, que assim ganha ainda mais liberdade.
 
E depois pelo perfil técnico. Se Moutinho ou Tiago são gestores (da bola), Ronaldo e Nani são agitadores. Tal como Danny ou Quaresma. Bernardo Silva está entre os dois mundos. É forte em transição, a conduzir a bola com a parte de fora do pé esquerdo, mas também gosta de abrandar, de fazer circular a bola, de enrolar o adversário antes de lhe aplicar o golpe. E a Portugal tem faltado muitas vezes essa capacidade para controlar o jogo.
 
Talvez o ex-benfiquista dê menos garantias a nível defensivo, no apoio ao lateral, mas a segurança apresentada pela equipa no apuramento parece convidar Fernando Santos a esse (pequeno) risco. Bernardo tem perfil para oficial de ligação em França. 
 

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