«4x4x3»: André André, o istmo do Dragão

22 set 2015, 10:03
4x4x3

Exibição do médio no clássico faz acreditar que o ataque portista pode ser menos ilha e mais península

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. 
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André André já era a figura do clássico antes do minuto 86. O golo que garantiu a vitória do FC Porto sobre o Benfica foi apenas a assinatura final do médio português, a patentear uma exibição que nivelou sempre o rendimento coletivo da equipa de Julen Lopetegui.
 
É que André André até começou o jogo no lado direito do meio-campo, «empurrando» Corona para a zona central, para o papel de segundo avançado, nas costas de Aboubakar. Foi o melhor período do Benfica, aquele em que a equipa de Rui Vitória se sentiu mais confortável na linha média.


 
Estavam cumpridos 20 minutos de jogo quando Julen Lopetegui decidiu alterar as peças: André passou para a zona central, Corona encostou-se ao lado direito.


O momento em que Lopetegui diz a André André para passar para o meio


No minuto seguinte já André André está na zona central


O FC Porto conseguiu equilibrar o jogo depois disso, para na segunda parte assumir um plano de superioridade no jogo. Sempre com André André em plano de evidência. É dele o cruzamento para a cabeçada de Aboubakar ao poste. É dele o passe que isola o camaronês no lance da dupla oportunidade (Júlio César defende o primeiro remate e depois o avançado atira à malha lateral). É dele o golo que decide o clássico.
 
Embora em Kiev tenha partilhado a titularidade com Herrera - também aí Lopetegui colocou o português como médio-ala -, o antigo jogador do Vitória de Guimarães está a «ameaçar» o lugar do mexicano.
  
Em várias ocasiões (desta época ou da anterior) o FC Porto de Lopetegui foi uma ilha em termos ofensivos, com o ponta de lança aparentemente inacessível no meio de um mar de adversários. Com aproximações laterais constantes, é certo, mas sempre com dificuldade para estabelecer ligação perante ondas mais fechadas.
 
André André pode ser o istmo do FC Porto. O elo de ligação que transforma a ilha em península. Pela capacidade para aparecer no jogo interior e fazer a ponte entre os extremos e o ponta de lança. Pela perspicácia tática a explorar o espaço entre linhas. Com ele o FC Porto consegue entrar mais vezes no bloco contrário. E sem perder nada em termos defensivos (antes pelo contrário).



Importa deixar claro que André André não é um istmo natural. O melhor posto para ele está mais atrás (como Herrera, de resto). E muitas vezes vai ficar a sensação de que o FC Porto precisa de algo mais ali. Do tal «10». Sobretudo em jogos de esmagador domínio territorial. Mas o plantel não tem ninguém assim, e até prova em contrário a melhor ponte amovível é André André.

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