«4x4x3»: as diferenças quando o jogo inclina para fora

10 nov 2015, 10:01
4x4x3

Laterais do Benfica com escasso peso ofensivo, comparativamente ao que se vê no Sporting e FC Porto

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. 
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Habituados a jogos de sentido único, os candidatos ao título sabem bem a importância de conseguir jogar dentro do bloco defensivo contrário para desmontar a muralha contrária, mas por vezes a melhor solução é mesmo contorná-la por fora.
 
Nesse sentido assume especial importância não só a verticalidade dos extremos, mas também a capacidade ofensiva dos laterais, que muitas vezes surge como fator de desequilibrio na muralha adversária. Um trunfo com o qual o Benfica tem contado menos do que os rivais na luta pelo título.
 
Dos 31 golos marcados pelo Benfica até ao momento, apenas dois tiveram participação direta dos laterais (golos ou assistências): um tento de Nélson Semedo e um passe para golo de Eliseu. Isto corresponde a um peso de apenas seis por cento.
 
Um registo bem diferente daquele que é apresentado pelos laterais do FC Porto, que tiveram participação direta em 12 dos 29 golos marcados até ao momento, o que corresponde a um peso de 41 por cento. Miguel Layún e Maxi Pereira tinham a difícil tarefa de substituir Alex Sandro e Danilo, mas têm correspondido. O uruguaio ex-Benfica já fez cinco assistências para golo, e o mexicano cedido pelo Watford tem dois golos e quatro assistências de dragão ao peito. Refira-se, ainda assim, que o próprio Alex Sandro entra nestas contas, uma vez que fez uma assistência na primeira jornada, antes de rumar à Juventus.
 
Os laterais do Sporting têm uma influência menor na produtividade ofensiva, mas ainda assim assinalável: participação direta em 8 dos 34 golos marcados até ao momento, o que corresponde a 24 por cento.
 
Aqui o principal responsável é Jefferson, que já fez quatro assistências para golo, mas o seu suplente, Jonathan Silva, também já fez dois passes para golo. Do lado direito o rendimento ofensivo tem sido menor, é certo, mas João Pereira e Ricardo Esgaio têm uma assistência cada.
 
Com dois falsos extremos, que procuram muito zonas interiores (Ruiz e João Mário), o modelo de Jorge Jesus solicita muito o adiantamento dos laterais, e Jefferson é o jogador que se sente mais confortável nesse papel.
 
No FC Porto de Julen Lopetegui o papel dos laterais está mais enquadrado numa segunda vaga de ataque. Os «dragões» praticam um futebol de proximidade, com muita posse e paciência, mas de vez em quando dão um «esticão» no jogo para fugir ao sobrepovoamento e metem a bola na ala contrária, na esperança de criar uma situação de superioridade momentânea.
 
O Benfica até acaba por ser o candidato ao título que mais insiste no jogo exterior por princípio, mas se Gaitán e Guedes têm sido influentes (mais na ala do que em zonas interiores), o contributo dos laterais tem sido muito reduzido. E isso tem feito imensa falta a Rui Vitória, até pelas evidentes limitações da equipa a explorar a zona central.

Análise comparativa da produtividade atacante dos laterais dos «grandes»:


Benfica
Jogador Minutos* Golos Assistências
Eliseu 1028 - 1
N. Semedo 810 1 -
Sílvio 621 - -
Clésio 64 - -

Sporting
Jogador Minutos* Golos Assistências
Jefferson 1103 - 4
João Pereira 1070 - 1
R. Esgaio 585 - 1
Jonathan Silva 472 - 2

FC Porto
Jogador Minutos* Golos Assistências
Maxi Pereira 1080 - 5
Miguel Layún 910 2 4
Cissokho 256 - -
Bruno Martins Indi 180 - -
Alex Sandro 90 - 1

* minutos de utilização como lateral
 
 

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