Morreu o realizador Peter Bogdanovich

6 jan 2022, 18:38
O realizador Peter Bogdanovich (AP)

Hollywood despede-se do realizador de "A Última Sessão" e "Lua de Papel". Tinha 82 anos

O realizador norte-americano Peter Bogdanovich, diretor de filmes como "A Última Sessão" ("The Last Picture Show", 1971) e "Lua de Papel" ("Paper Moon", 1973) morreu esta quinta-feira de manhã, aos 82 anos, em Los Angeles.

De acordo com o Hollywood Reporter, que cita a filha, Antonia Bogdanovich, o realizador morreu em casa, de causas naturais.

Crítico e historiador, foi também um ator conhecido - entrou, por exemplo, nos filmes "Kil Bill" 1 e 2, de Quentin Tarantino, e em 14 episódios de "Os Sopranos", onde interpretou o papel de terapeuta da dra. Melfi.

Peter Bogdanovich nasceu em 30 de julho de 1939 em Kinsgton, cidade no estado de Nova Iorque, filho de um pianista sérvio e de uma pintora austríaca que emigraram para os Estados Unidos para fugirem ao nazismo.

Começou sua carreira no teatro, como ator, depois como programador de cinema e crítico, escrevendo artigos para a Esquire. Ao mudar-se para Los Angeles, tornou-se amigo de realizadores como Roger Corman e Orson Welles e fez os seus primeiros trabalhos como realizador.

Em 1971, com “A Última Sessão”, Peter Bogdanovich recebeu duas nomeações para os Óscares, nas categorias de Melhor Realizador e Melhor Argumento Adaptado, esta partilhada com o escritor Larry MucMurtry, com quem revisitaria o filme e a cidade, 20 anos mais tarde, em "Texasville". 

"A Última Sessão", que conta no elenco com atores como Jeff Bridges e Cybill Shepherd, teve oito nomeações para os Óscares, em 1971, acabando por levar para casa duas estatuetas douradas: para os atores secundários Ben Johnson e Cloris Leachman. O filme foi bem muito bem recebido pela crítica e pelo público, tornando-se um sucesso de bilheteira.

Numa entrevista ao 'site' C7nema, em 2021, quando foram assinalados os 50 anos sobre a estreia de "A Última Sessão", Peter Bogdanovich disse, sobre o filme e sobre o cinema independente em que sempre apostou: "Não fizemos uma revolução, só mudámos o processo. Os filmes pararam de ser feitos para estrelas, como os estúdios queriam, e passaram a abordar temas que traziam a realidade à tona. Só demos uma injeção de realismo às veias do cinema".

O seu filme seguinte foi "O que se passa, doutor?" ("What's Up Doc?), com Barbara Streisand e Ryan O’Neal, que acabou por ser o filme mais visto dos EUA no ano de 1972, sendo depois incluído na lista do American Film Institute das 100 maiores comédias de todos os tempos.

Ainda nos anos 70, realizou "Lua de Papel", com Ryan O'Neal e a sua filha Tatum O'Neal - que, ainda uma criança  e na sua estreia cinematográfica, foi premiada com um Óscar de Melhor Atriz Secundária.

De acordo com a imprensa, neste período de grande sucesso Bogdanovich recusou fazer "O Padrinho", "Exorcista" e "Chinatown". 

Entre os seus filmes seguintes, destacam-se "Máscara" (1985), estrelado por Cher, e "O Miado do Gato" (2001), estrelado por Kirsten Dunst. Em 2014 fez "Ele é mesmo... o máximo", com Jennifer Aniston e Owen Wilson, e, em 2018, lançou o seu último filme, o documentário de "Buster Keaton The Great Buster".

A partir de meados da década de 1990, o realizador dirigiu sobretudo filmes para televisão. Apareceu também em alguns episódios de séries como “Lei & Ordem: Intenções Criminosas”, “Rizzoli & Isles” e “Get Shorty”.

À publicação Deadline, o realizador Francis Ford Coppola disse estar em choque com a morte de Bogdanovich: "Estou devastado. Ele era um artista maravilhoso e enorme. Nunca me esquecerei da estreia de The Last Picture Show. Lembro-me que, no final, o público pulou à minha volta, explodindo em aplausos que duraram pelo menos 15 minutos."

Entre outras figuras de Hollywood que têm estado a publicar homenagens nas redes sociais a Peter Bogdanovich, destaca-se Tatum O'Neal, a atriz que tem agora 58 anos: "Peter era o meu céu e a minha terra. Uma figura paterna. Uma amigo. De Paper Moon a Nickelodeon, ele sempre me fez sentir segura."

 

O cineasta esteve em Portugal pelo menos uma vez, em 1999, na III Bienal de Cascais, onde foi homenageado e também agraciado pelo Presidente da República de então, Mário Soares, com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique.

Em abril do ano passado, aquando da reabertura da Cinemateca Portuguesa, após alguns meses encerrada no âmbito das medidas decretadas pelo Governo para tentar conter a pandemia da covid-19, esta instituição anunciou uma retrospetiva da obra de Peter Bogdanovich, que ainda não chegou a acontecer.

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