Globos de Ouro: sem passadeira vermelha, sem estrelas, sem transmissão televisiva

6 jan 2022, 18:20
Globos de Ouro

Uma enorme sombra paira sobre a cerimónia de entrega de prémios, que se realiza na madrugada de domingo para segunda-feira. E a culpa nem sequer é da covid-19

Sem passadeira vermelha, sem apresentadores a dizerem piadas, sem transmissão televisiva, sem estrelas sentadas à mesa a beberem champanhe e até sem jornalistas. Este ano a cerimónia de entrega dos Globos de Ouro, os prémios de cinema e televisão atribuídos pela Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood, não terá glamour, sorrisos ou discursos emocionados. Resta saber se os prémios sobreviverão.

Num comunicado publicado no site, a Hollywood Foreign Press Association explica que as alterações na cerimónia se devem à pandemia de covid-19, no entanto  segundo a Variety, a verdade é que a organização do evento não conseguiu convencer nenhuma grande figura de Hollywood a comparecer na edição de 2022, fosse para apresentar ou entregar os prémios, fosse para receber os Globos.

As críticas à Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood já não eram novas mas, em fevereiro do ano passado, o LA Times revelou que a associação não tinha nenhum negro entre os seus 87 membros. Além das acusações sobre falta de diversidade - poucas mulheres, poucos não-brancos, poucos jovens - foram também denunciados alguns “lapsos éticos”, quer na gestão financeira quer nas relações mantidas pelos críticos com os estúdios e promotores de Hollywood.

O artigo ensombrou a cerimónia realizada a 1 de março mas que, apesar de tudo, teve Tina Fey e Amy Poehler como anfitriãs. Ainda que em grande parte virtual, devido à covid-19, a entrega de prémios contou com a grande maioria dos galardoados, que entraram em direto através de videochamada a partir de suas casas, com momentos bastante divertidos e insólitos.

Em pouco tempo tudo mudou.  Depois de várias críticas de estrelas como Tom Cruise (que devolveu os seus três prémios) ou Scarlett Johansson, mais de cem agências de relações públicas anunciaram que não iriam colaborar com os Globos de Ouro e a rede de televisão NBC cancelou a habitual transmissão. Quando foram anunciadas as nomeações para esta edição, em dezembro, sentiu-se o silêncio nas redes sociais. A maioria das estrelas ignorou as nomeações.

Entretanto, a Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood explica que reformulou completamente o seu estatuto, implementando enorme mudanças, "de cima a baixo", abordando temas como ética e deontologia, diversidade, equidade e inclusão, governação (regras de conduta da empresa), etc. Em outubro foram admitidos 21 novos membros que, diz a Associação, trouxeram alguma diversidade à organização.

Mas a cerimónia que antes marcava o arranque da "temporada de prémios" e que chegou até a ser considerada por um setor mais vanguardista como mais interessante do que os Óscares, que são geralmente mais "populares", parece estar este ano arruinada.

Esta semana, a organização revelou que a cerimónia irá realizar-se como habitualmente no hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, no domingo às 18.00 (02:00 de segunda-feira em Lisboa), e que planeia homenagear "o trabalho de filantropia estabelecido há muito tempo" pela associação, apresentando, ao longo da noite, uma série de bolseiros e organizações que beneficiaram de apoios nos últimos 25 anos.

Em destaque estará a "Reimagine Coalition", uma iniciativa lançada em outubro passado com o grupo de direitos civis da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP) para “aumentar a diversidade, equidade e inclusão em toda a indústria de entretenimento global”.

Ainda não foi divulgado se haverá ou não algum tipo de transmissão em direto do evento, por exemplo através das redes sociais.

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