A Palestina na Alemanha, os turcos à frente dos portugueses e a água que não se inventa: foi assim a 5.ª Coluna de Miguel Sousa Tavares

23 mai, 23:52

Miguel Sousa Tavares analisou no seu espaço semanal de comentário no Jornal Nacional as polémicas da semana

Miguel Sousa Tavares não tem dúvidas de que Portugal não vai seguir o rumo de Espanha, Noruega e Irlanda que vão reconhecer o Estado da Palestina, pelo menos enquanto os Estados Unidos não o decidirem.

"Portugal só decidirá aquilo que os EUA decidirem, é a minha aposta pessoal", afirmou esta quinta-feira, na 5.ª Coluna.

Para o comentador da TVI/CNN Portugal, "Israel não reconhece nenhuma outra lei nem nenhuma outra moral do que a sua própria" e, por isso, lança uma questão relativamente ao que está a acontecer na Faixa de Gaza, onde milhares de palestinianos estão a ser vítimas de ataques israelitas desde 7 de outubro.

"Vamos imaginar que o Estado de Israel, quando se forma, em 1948, em vez de ir para a Palestisna, que consideravam uma terra que tinha uns beduínos por lá, mas que eram oito milhões, se tem instalado por exemplo na Alemanha, como punição dos alemães por causa do Holocausto. Será que Israel trataria assim os alemãe? Não, seria insustentável. Portanto, há um elemento de racismo claro de Israel em relação aos palestinianos e a Europa, que discute tanto a guerra da Ucrânia, em relação a isto olha para o lado e finge que não vê", criticou.

Outro dos temas em análise por Miguel Sousa Tavares foi a polémica à volta da liberdade de expressão no Parlamento, depois de André Ventura ter afirmado que "os turcos não são conhecidos por serem um povo trabalhador". O comentador disse "não perceber a dimensão da discussão" e que o líder do Chega disse coisas bem mais graves a que ninguém ligou. Sousa Tavares apontou também vários erros às afirmações de André Ventura relativamente aos turcos.

"A frase de André Ventura está errada e não faz sentido. Se ele já foi a Istambul e sabe alguma coisa da história da Turquia sabe que isto não pode ser verdade. E se tivesse lido os índices internacionais como os da OCDE em cada país saberia que estamos muito atrás da Turquia", observou, lembrando ainda o presidente do Chega que "não são os portugueses que vão construir o novo aeroporto": "São os imigrantes, como construíram a Expo98 e a ponte Vasco da Gama."

Sobre o facto de tratar-se ou não de liberdade de expressão, Miguel Sousa Tavares diz que a frase "não é ofensiva, muito menos racista". "Qual é a raça dos turcos? São pretos, amarelos, encarnados?... nunca reparei que tivessem uma raça diferente da minha, não percebo o que há de racismo nisto. Racismo sim foi o que André Ventura foi dizer no congresso das extremas-direitas em Madrid – temos de parar de receber muçulmanos e islâmicos, isso sim é racismo e é um ataque às pessoas pela sua origem religiosa, isso é que é grave."
 

Por fim, Sousa Tavares comentou a recente decisão do Governo de aliviar as restrições ao consumo de água no Algarve, lamentando o que está a acontecer no sul do país.

"Não sei se o Governo está coordenado com São Pedro, porque uma coisa são as resoluções do Governo, outra coisa é a disposição de São Pedro. Se ele decidir que não chove mais no Algarve até outubro, o Governo vai ter de rever o que decidiu", afirmou, lamentando que ainda ninguém tenha percebido que o problema da seca "veio para ficar": "Cada ano chove menos no Algarve, e o que estamos a fazer é cada vez pior, menos água, mais asneiras."

O comentador da TVI/CNN Portugal defende, por isso, e uma vez que a agricultura é responsável por 75% do consumo de água na região, que se distinga a agricultura boa da má. "Devia distinguir-se a agricultura que merece ser apoiada e que devia ser proibida, não podemos inventar água para a agricultura que querem fazer, eles é que têm de fazer a agricultura para a água que temos."

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