E o ouro está a valorizar: a explicação

22 fev 2022, 21:01
Barras de ouro

É um “ativo de refúgio”: sempre que existe maior instabilidade, a procura por investimentos em ouro tende a aumentar. O iminente conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia está a confirmar a tendência

Com o conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia latente, os investidores estão a fugir para um território de maior segurança: o ouro. Mas este não é o único ativo de refúgio que está a ter maior procura à custa da instabilidade no leste europeu. Também o franco suíço e o iene japonês, moedas de países vistos como neutros em cenários de guerra, estão a valorizar.

“O ouro desempenha historicamente o papel de ativo de refúgio. Tende a beneficiar com períodos de maior incerteza”, explica Henrique Tomé, analista da XTB. Nesta terça-feira, a onça de ouro estava acima dos 1900 dólares, o valor mais alto desde junho. E, segundo dados deste especialista, já valorizou cerca de 4% desde o início do ano.

“Temos os investidores a liquidarem parte dos seus ativos no mercado, alocando-os para ativos menos arriscados”, concretiza. E exemplo disso é o iene japonês, que já subiu “cerca de 1,5%” desde que aumentaram as tensões entre a Rússia e a Ucrânia. Na segunda-feira, foi “a moeda que mais se valorizou”.

Contágio vermelho nas bolsas

Nem o anúncio de sanções à Rússia tem servido para conter os receios dos investidores. E a prova disso é a tendência vermelha nas principais praças mundiais.

“Também vemos o PSI 20 a ser arrastado com a tendência negativa dos pares europeus. É um mercado muito pequeno, muito dependente daquilo que se passa no mercado europeu”.

Nesta terça-feira, a bolsa lisboeta recuou 0,52%, para os 5.464,92 pontos, mas chegou a ter perdas mais acentuadas durante a negociação, acima dos 2%

Além das ações tradicionais, também a negociação de criptomoedas está a ser penalizada pelo clima de incerteza face a um novo conflito armado.

Combustíveis: um risco imediato

Se o mundo dos investimentos pode ser algo distante para a maioria dos portugueses, a verdade é que os contornos da negociação acabam por ditar – e muito – o que lhes fica na carteira.

Henrique Tomé, analista da XTB, admite que haverá “um preço que todos vamos acabar por pagar” no caso de se confirmar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia (e os aliados da NATO). A começar pelo preço dos combustíveis, que têm pressionado os orçamentos das famílias portuguesas.

“A Rússia tem um papel estratégico no fornecimento de petróleo e de gás natural. O petróleo, sobretudo o Brent, tem registado períodos de maior volatilidade, perto dos 100 dólares o barril”, concretiza o especialista.

A Rússia fornece cerca de um terço do gás e petróleo bruto importados pela União Europeia. Se Moscovo limitar o fornecimento, mesmo que os países europeus procurem alternativas, acabarão sempre pressionados pela lei da oferta e da procura.

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