"Este é o momento mais perigoso para a segurança numa geração": NATO tem jatos em alerta para precaver "ataque de grande escala" da Rússia

CNN Portugal , com LUSA
22 fev 2022, 17:12

 "Vamos continuar a fazer o que for necessário para proteger a aliança atlântica de agressões", sublinha a NATO. Condenação a Putin na comunidade internacional é quase unânime, com as exceções do Irão e da Síria, que se colocam ao lado da Rússia. Órban não condena Putin mas também não apoia o reconhecimento dos separatistas de Donetsk e Lugansk

O secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, assegurou esta terça-feira que a NATO espera um ataque em larga escala da Rússia na Ucrânia e colocou a sua força de reação rápida em alerta para defender os países aliados.

O responsável garantiu ainda que a NATO vai continuar a apoiar a Ucrânia e instou a Rússia a seguir o "caminho da diplomacia", lembrando Vladimir Putin que "nunca é tarde para voltar atrás" na decisão.

"Este é o momento mais perigoso para a segurança numa geração", salientou Stoltenberg, em conferência de imprensa, em Bruxelas, depois de uma reunião extraordinária da comissão NATO-Ucrânia. 

Stoltenberg adiantou que a NATO tem mais de 100 jatos em "alerta máximo" e "mais de 120 navios aliados no mar, no norte ao Mediterrâneo”. "Vamos continuar a fazer o que for necessário para proteger a aliança [atlântica] de agressões", garantiu.

O secretário-geral da NATO disse estar a acompanhar as provocações russas em Donbass, assinalando que Moscovo não parou de planear uma invasão em larga escala à Ucrânia desde que reconheceu os enclaves separatistas como independentes.

"Tudo indica que a Rússia continua a planear um ataque em grande escala à Ucrânia. Continuamos a instar a Rússia para recuar... Nunca é demasiado tarde para não atacar", acrescentou.
 

Irão e Síria ao lado da Rússia, Orbán assim

Na reunião extraordinária sobre a situação da Rússia e da Ucrânia, a NATO fez saber que mais de uma dezena de países europeus condenaram o que consideram ser uma grave violação de soberania o reconhecimento pela Rússia da independência de territórios separatistas do Leste da Ucrânia, que "vai aumentar drasticamente as tensões" na Europa.

As vozes dissonantes vieram do Irão, que considera que foram “as ações provocatórias da NATO, apoiadas pelos Estados Unidos, que complicaram a situação na região", e da Síria, que disse  ter a intenção de fortalecer os laços com as autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk.

A Polónia e outros países vizinhos da Ucrânia, além de condenarem o ato de Moscovo, pedem sanções severas. O ministro da Defesa polaco, Mariusz Blaszczak, defende "sanções sérias, não simbólicas", contra Moscovo, porque só assim será evitado o "regresso do império soviético".

No mesmo sentido pronunciou-se a Lituânia, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Gabrielius Landsbergis, que foi uma das vozes mais críticas das manobras russas, pedindo unidade da ação europeia.

"A Rússia considera que não estamos unidos, que não lhes aplicaremos sanções. Vamos mostrar-lhe que estamos e que podemos afetá-la pelo que está a fazer", disse Landsbergis, cujo país está na linha da frente das tensões russas como um dos antigos membros da URSS.

A Eslováquia considera "inaceitável" o reconhecimento por Moscovo da independência das províncias separatistas ucranianas, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros eslovaco, Ivan Korcok, em comunicado.

Outra antiga república comunista, a Eslováquia, aderiu à NATO em 2004 e aprovou em 9 de fevereiro um acordo de cooperação que permite aos Estados Unidos aumentar a sua presença militar no país.

O primeiro-ministro da Eslovénia, Janez Jansa, condenou o "ato ilegal" de Putin e propôs que a União Europeia convide a Ucrânia a aderir ao bloco comunitário como membro efetivo.

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, condenou a "inaceitável violação da soberania democrática e da integridade territorial da Ucrânia" pela Rússia, posição idêntica à da Holanda, com o primeiro-ministro, Mark Rutte, a afirmar que é um passo “muito grave” e que “não pode ficar sem resposta”.

A Áustria quer que as novas sanções que a UE imponha à Rússia sejam anunciadas e aplicadas de forma "seletiva" e "escalonada", considerando que as provocações do Kremlin na Ucrânia "ainda não atingiram o seu auge", como advertiu o chanceler federal austríaco, Karl Nehammer.

O Presidente romeno, Klaus Iohannis, pediu "uma resposta internacional severa" a “uma violação flagrante da legalidade internacional”, expressão também usada pelo primeiro-ministro da Croácia, Andrej Plenkovic, num comunicado em que escreve que, "junto com os parceiros da UE, expressa solidariedade” ao Governo e ao povo ucraniano.

O primeiro-ministro da Hungria, o ultranacionalista Viktor Orbán, um dos aliados da Rússia na UE, assegurou que o seu país partilha da posição conjunta do bloco em relação à Ucrânia, embora o seu Governo não tenha condenado de momento a decisão russa de reconhecer a independência de Donetsk e Lugansk. "Esta noite falei com o presidente do Conselho Europeu [Charles Michel]. Deixei claro que a Hungria faz parte da posição comunitária comum. As negociações prosseguem", disse Orbán numa breve mensagem publicada no Facebook.

Também a Turquia condenou o "inaceitável" ato de Moscovo de reconhecer as repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk, como afirmou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

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