Mais de uma centena de ucranianos protestam em Lisboa. "Ou o mundo cede à Rússia ou a Rússia cede ao mundo"

Cláudia Évora | Agência Lusa , Notícia atualizada às 13:56
20 fev 2022, 11:29

O protesto decorre no mesmo dia em que foram assassinadas dezenas de pessoas, em Kiev, que se manifestavam contra o regime do presidente pró-russo Yanukovich, em 2014

Mais de uma centena de pessoas concentrou-se este domingo junto à Embaixada Russa, em Lisboa, e pediu o fim do conflito na Ucrânia e o regresso à paz, num protesto contra o Presidente Vladimir Putin.

Pelas 10:00, os manifestantes, que empunhavam bandeiras da Ucrânia e faixas anti-Putin, entoavam cânticos russos de resistência, que remontam à II Guerra Mundial. Em declarações à CNN Portugal, uma das manifestantes agradeceu o apoio da comunidade internacional. 

"As nossas motivações para fazer esta manifestação hoje são, como todo o mundo sabe, pela agressão da parte da Rússia contra a Ucrânia. Esta guerra que dura já desde 2014. Mas felizmente a União Europeia, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha têm-nos apoiado, porque finalmente perceberam a ameaça que Putin nos traz", explicou. 

A cidadã ucraniana disse ainda que o seu povo só quer que esta guerra tenha um ponto final: "Nós só queríamos que isto acabasse e que nos deixassem viver em paz e harmonia. Trabalhar, viver, gozar a vida e tudo o que de bom este mundo nos traz".

Questionada sobre se acredita numa solução pela via diplomática, a resposta não deixou margem para dúvidas: "a diplomacia já se esgotou". "Não é possível, porque Putin é um homem imprevisível e o antigo membro do KGB [serviços secretos da União Soviética]. Como sabemos, o KGB não taz nada de bom, só sabem mentir e manipular", acrescentou. 

Numa onda amarela e azul, à porta do consulado da Rússia no Porto, os manifestantes tinham vários cartazes que diziam: "Stop Putin",  "Paz para a Ucrânia" e “Ucrânia independente”. Na linha da frente, uma faixa que pedia a Putin para "tirar as mãos da Ucrânia". À CNN Portugal, Ludmila Stotska, que vive em Portugal há 12 anos, confessou ter medo da guerra. 

"Temos muito medo, não queremos esta guerra. Estamos aqui para apoiar a nossa gente, os nossos ucranianos que estão lá (...) nós sabemos que Putin e a Rússia são agressivos", disse.

Victor Yakovets, que está em Portugal há mais de 20 anos por razões profissionais, diz-se “mentalizado” de que o presidente russo “não vai recuar" e que "a guerra começará”.

A manifestação em Lisboa foi organizada pela Associação dos Ucranianos em Portugal e estavam ainda programadas mais duas, para as 12:00, no Porto e em Vilamoura, "para defender a Ucrânia, para defender a Europa, para defender os valores democráticos". 

O protesto decorre no mesmo dia em que foram assassinadas dezenas de pessoas, em Kiev, que se manifestavam contra o regime do presidente pró-russo Yanukovich, em 2014.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.

Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciaram no sábado ter registado em 24 horas mais de 1.500 violações do cessar-fogo na Ucrânia Oriental, número que constitui um recorde este ano.

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