"Não podemos oferecer um ramo de oliveira enquanto a Rússia faz testes de mísseis", defende Charles Michel

Agência Lusa , CE
20 fev 2022, 10:26
Charles Michel (AP Images)

O responsável europeu quer esgotar "todas as opções" a nível diplomático antes de a União Europeia avançar com sanções

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendeu este domingo que, se a Rússia não toma medidas para aliviar a tensão em torno da Ucrânia, o Ocidente não pode estender indefinidamente “um ramo de oliveira” a Moscovo.

“A grande questão permanece: o Kremlin quer o diálogo?”, questionou Michel durante a Conferência de Segurança de Munique, que termina este domingo. 

“Não podemos oferecer eternamente um ramo de oliveira enquanto a Rússia faz testes de mísseis e continua a reunir tropas na fronteira ucraniana”, alertou.

Michel ameaçou ainda Moscovo com "sanções maciças" em caso de ações militares contra a Ucrânia, alertando que essas medidas teriam um impacto “severo”.

Admitindo que essas sanções teriam também um custo para a União Europeia, o responsável europeu rejeitou adotá-las preventivamente, como reclamou no sábado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Queremos usar todas as ferramentas a nível diplomático, esgotar todas as opções", afirmou.

O presidente do Conselho Europeu expressou novamente a solidariedade do bloco com a Ucrânia e lembrou que já foram mobilizados 1.200 milhões de euros para contribuir para a estabilização económica do país e que propôs organizar uma conferência internacional de doadores com o mesmo fim.

Michel recordou que a UE está coordenada com os Estados Unidos e com os parceiros na NATO, que considerou a "coluna vertebral" da defesa europeia.

E descreveu a situação como um "paradoxo", já que o objetivo do Kremlin era "debilitar e dividir", mas o resultado foi "exatamente o contrário", com as ações russas a cimentarem a união dos aliados.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.

Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

Moscovo e Mink deverão terminar hoje manobras militares comuns na Bielorrússia, vizinha da Ucrânia, que começaram em 10 de fevereiro e fizeram aumentar as preocupações do Ocidente.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados