Especialista contra calculadoras na primária

20 out 2007, 19:27

«Ameaçam a destreza mental e a capacidade de cálculo dos alunos»

O norte-americano que criou o conceito dos ginásios de Matemática desaconselha o Governo português a introduzir o uso de calculadoras desde o primeiro ciclo, como está previsto na proposta de alteração ao programa da disciplina.

Em entrevista à agência Lusa, Larry Martinek, fundador da Mathnasium, uma rede de centros especializados no ensino da Matemática frequentada por quase 14 mil crianças e jovens em mais de 70 países, considerou que o uso de calculadoras nos primeiros anos de escolaridade «ameaça a destreza mental e a capacidade de cálculo dos alunos».

«Muitos estados norte-americanos adoptaram o uso de calculadoras logo na primária e, passado uns anos, acabaram por abandonar essa ideia porque descobriram que as crianças deixaram de ter a percepção dos números. Infelizmente, se adoptarem essa medida em Portugal vão chegar à mesma conclusão e perceber que é um erro», alertou o especialista, um dos participantes no programa federal norte-americano para a reforma do ensino secundário.

Em Portugal, a proposta para o reajustamento do programa da disciplina, cuja fase de discussão pública terminou no início do mês, estipula que, «ao longo de todos os ciclos, os alunos devem usar calculadoras e computadores na realização de cálculos, na representação de informação e na representação de objectos geométricos».

«A longo-prazo, isso levará a resultados que o Governo português não está à espera», assegurou Larry Martinek, que hoje se encontra em Lisboa para participar numa conferência sobre «O Segredo da Matemática».

Para o especialista, há um problema internacionalmente generalizado com o ensino da disciplina, sendo necessário «voltar ao básico» e insistir sobretudo na compreensão e interiorização das operações mais simples.

Por isso, nos milhares de centros Mathnasium em todo o mundo e nos quase 50 existentes só em Portugal a ideia não é explicar aos alunos a matéria curricular relativa ao ano de escolaridade que frequentam, mas trabalhar com eles «a partir do ponto em que perderam o comboio».

O conceito passa por mostrar que por trás das operações mais complexas, há sempre muitas outras até chegar aos raciocínios mais simples. A ideia é «descomplicar».

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