Nasceu em França, representou Portugal e virou-se para Marrocos

Na sexta-feira, aliás, fez a sua estreia num jogo amigável frente a Moçambique, em Faro. 

«Não pensei mais em Portugal, nunca mais fui chamado. Scolari chamou-me e acreditava muito em mim, mas depois nunca mais me chamaram.»

Nascido em França, com mãe marroquina e pai português, Manuel da Costa era visto como uma enorme promessa e chegou com naturalidade à seleção lusa. Em maio de 2006, após uma estreia pelo Nancy, cantou o hino nacional no Torneio de Toulon.

O defesa preferiu Portugal a França e esteve às ordens de Rui Caçador na prova. Ficou no grupo desde essa altura e fez um total de 21 jogos pela seleção das Quinas, entre os sub-20 e a seleção B.

Durante esse ano, após a transferência do Nancy para o PSV, Manuel da Costa foi inclusivamente chamado por Luiz Felipe Scolari em três ocasiões.

«Manuel da Costa? Tem provado na categoria sub-21 que tem muito talento.»

Scolari, antigo selecionador de Portugal, queria renovar a seleção após o Mundial e apostou no jovem mas não chegou a promover a sua estreia nos AA.

Sete países em nove anos

Manuel Marouane Trindade da Costa Sissoine evoluía em equipas de renome e parecia talhado para voos altíssimos.

Após a estadia no PSV Eindoven, o jogador foi contratado pela Fiorentina. Viria a rumar por empréstimo à Sampdoria e mais tarde ao West Ham a título definitivo.

França, Holanda, Itália e Inglaterra. Da Costa, com era conhecido em Terras de Sua Majestade, continuava a demonstrar a sua faceta de cidadão do mundo. Exibiu-se a bom nível no West Ham mas não evitou a descida da sua equipa.

Em 2011, mais um destino: Rússia, Moscovo, Lokomotiv. Portugal seria a etapa seguinte, permitindo a Manuel da Costa jogar no país que mais acarinhava. Porém, a etapa no Nacional da Madeira – por empréstimo do Lokomotiv, terminou da pior forma.

Na última temporada, o defesa esteve ao serviço do Sivasspor da Turquia. Ou seja, sete países em nove anos.

A fama de Bad Boy e a confusão com Candeias

Durante a sua estaria em Inglaterra, Manuel da Costa enfrentou uma acusação de abuso sexual a uma mulher de 20 anos num clube noturno. Segundo esta, o jogador teria colocado a mão no seu peito sem autorização, para além de a ter agredido.

O defesa teve de comparecer em tribunal e apresentou uma versão diferente. Teria sido a mulher a promover o contacto, aproximando-se dele. Da Costa levantou-se para falar, garante não ter tocado deliberadamente no peito da queixosa mas levou um estalo e respondeu na mesma moeda.

David Radford, o juíz, ilibou o jogador da acusação de abuso sexual. Porém, este teve de pagar pelo estalo: 1250 libras no total.



Não há relato de incidentes semelhantes após a transferência para o Lokomotiv de Moscovo. Porém, Manuel da Costa voltou a evidenciar-se pelos piores motivos na passagem pelo Nacional da Madeira.

A 10 de março de 2013, o central foi expulso por acumulação de amarelos frente ao Rio Ave. Já com um cartão amarelo, rematou uma bola para longe com o jogo interrompido. Bruno Paixão, muito contestado pelos locais, nem hesitou. No final do encontro, o técnico Manuel Machado considerou que Manuel da Costa devia ter evitado a expulsão.

O jogador foi ainda confrontado com críticas no balneário e reagiu mal. Mais tarde, seria alvo de um processo disciplinar por agressão a Candeias. O pai de Manuel da Costa, em declarações à TSF, contestou a acusação.

«Simulação, tudo simulação! O meu filho estava enervado com a situação e o Candeias começou a falar mal dele, insultos muito graves até e como ele tem sangue português, sabe como é, empurrou-o. Mas não o agrediu. O Candeias devia estar calado porque tem muitos jogadores que o meu filho ajudou, não foi o clube, foi mesmo o meu filho.»

De qualquer forma, Manuel da Costa não voltaria a jogar pelo Nacional. Durante o período de suspensão, foi apanhado a conduzir sob o efeito de álcool. Teve de pagar 350 euros de multa e ficou inibido de conduzir durante três meses. Entretanto, foi devolvido ao Lokomotiv.

Os golos de belo efeito e o sim ao convite de Marrocos

Manuel da Costa reencontrou a felicidade na Turquia, ao serviço do Sivasspor. O defesa marcou golos de belo efeito até final de 2013, talvez influenciado pelas qualidades do seu treinador, o conhecido Roberto Carlos. No total, 6 tentos em 26 jogos.
 


Marrocos bateu-lhe à porta. Mehdi Taouil e Aatif Chahechouhe, seus companheiros de equipa no Sivasspor, terão exercido alguma influência e Manuel da Costa decidiu apostar na pátria da mãe. Afinal, tinha deixado uma imagem fraca na passagem pelo futebol português e a seleção lusa era coisa do passado.

Em entrevista ao Almarssadpro, o jogador explicou a sua decisão.

«Joguei nas seleções jovens de Portugal e foram momentos importantes da minha vida, mas todas as histórias acabam e neste momento só penso em ajudar Marrocos. A imprensa disse que eu teria recusado o convite de Marrocos no passado mas isso é mentira. Nunca fui contactado oficialmente, ao contrário de agora. O treinador falou comigo, foi uma boa conversa e aceitei logo. É o país da minha mãe e sinto orgulho por representar Marrocos.»