NATO adverte Kosovo após compra de ‘drones’ armados turcos

17 jul 2023, 21:17
Drones TB-2 Bayraktar (Getty Images)

TB-2 Bayraktar ficaram conhecidos em 2022 pelo seu desempenho na primeira fase da defesa da Ucrânia contra a invasão russa e foram adquiridos por uma dezena de exércitos, segundo o Military Balance do britânico Instituto Internacional para Estudos Estratégicos

A força multinacional da NATO no Kosovo (Kfor) advertiu esta segunda-feira Pristina após a aquisição de ‘drones’ armados à Turquia, recordando que é a única entidade responsável pelo seu espaço aéreo.

A declaração da Kfor surge um dia após o anúncio pelo primeiro-ministro Albin Kurti da entrega de TB-2 Bayraktar, ‘drones’ de fabrico turco e que também estão a ser disponibilizados à Ucrânia.

“Sobre a utilização de todas as categorias de ‘drones’ e as correspondentes limitações, incluindo o TB-2 Bayraktar, o comandante de Kfor mantém a principal autoridade sobre o espaço aéreo do Kosovo”, afirma o comunicado.

Kurti publicou no domingo nas redes sociais fotos ao lado dos novos ‘drones’.

“Acrescentámos ao arsenal do nosso Exército os ‘drones’ TB-2 Bayraktar que comprámos à Turquia”, congratulou-se Kurti. “O Kosovo está agora mais seguro, e sempre independente”, acrescentou.

Os TB-2 Bayraktar ficaram conhecidos em 2022 pelo seu desempenho na primeira fase da defesa da Ucrânia contra a invasão russa e foram adquiridos por uma dezena de exércitos, segundo o Military Balance do britânico Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS).

O Governo kosovar pretende transformar a Força de Segurança do Kosovo (KSF), uma força de urgência ligeiramente armada, num Exército regular com 5.000 efetivos e 3.000 reservistas.

A Kfor, presente no país desde a guerra de 1998-99, permanece a principal instituição responsável pela segurança, com 4.500 soldados de 27 países.

Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo – a sua antiga província do sul e considerada o berço da sua nacionalidade e religião – proclamada em fevereiro de 2008 na sequência de uma guerra iniciada com uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da NATO contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.

Desde então, a região tem registado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria (perto de 90%) de etnia albanesa e religião muçulmana.

O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.

A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.

Os dois países negoceiam a normalização das relações assente num novo plano da UE, apoiado pelos Estados Unidos, com o seu roteiro acordado por Belgrado e Pristina em março passado, mas que o atual aumento da tensão se arrisca a comprometer em definitivo.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Mais Lidas

Patrocinados