Sérvia coloca exército em "estado de alerta mais elevado" após confrontos entre cidadãos e polícia no Kosovo

Agência Lusa , ARC
26 mai 2023, 16:08
Kosovo (Associated Press)

Pequenos grupos de sérvios no norte do Kosovo entraram esta sexta-feira em confrontos com a polícia, após tentarem bloquear edifícios municipais para impedir a entrada de funcionários recentemente eleitos, noticiou a imprensa local.

A polícia disparou gás lacrimogéneo e vários carros foram incendiados. 

Em resposta aos confrontos, e numa declaração escrita transmitida pela televisão estatal RTS, o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, disse que colocou o exército no "estado de alerta mais elevado". 

Vucic disse também que ordenou a deslocação "urgente" das tropas sérvias para a fronteira com o Kosovo.

O Presidente sérvio vai participar em Belgrado numa manifestação de apoio ao regime que lidera, depois dos confrontos no início deste mês que provocaram a morte de 18 pessoas e ferimentos noutras 20.

Os meios de comunicação social locais referiram também que, devido à "violência" contra os sérvios do Kosovo, Vucic exigiu que as tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) aí estacionadas os protejam da polícia.

A polícia do Kosovo reconheceu o aumento da presença de agentes no norte "para ajudar os presidentes das comunas do norte, de Zvecan, Leposavic e Zubin Potok, a exercerem o seu direito de trabalhar e de cumprir as obrigações oficiais”.

Os novos presidentes de câmara das três comunas do norte do Kosovo, maioritariamente povoadas por uma minoria de etnia sérvia, foram impedidos de entrar nos edifícios, com pequenos grupos de sérvios a manterem as mãos no ar à entrada dos municípios, aparentemente num sinal de que não estavam ali para participar em atos de violência, escreveu o site albanês indexonline.net, que acompanha o texto com fotografias.

Em Zvecan, o site Kosovo-online.com mostrou confrontos com a polícia em frente a um edifício público, enquanto em Leposavic o acesso à praça principal foi bloqueado com carros e camiões.

Antes, os sérvios também ligaram as sirenes de alarme nas quatro comunas, incluindo na principal cidade do norte, Mitrovica, num sinal de aviso e apelo à concentração.

As eleições antecipadas de 23 de abril foram largamente boicotadas pela etnia sérvia e só foram eleitos representantes da etnia albanesa ou de minorias para os cargos de presidente da câmara e para as assembleias.

No entanto, foram realizadas eleições locais em quatro comunas dominadas pelos sérvios no norte do Kosovo, depois de os representantes sérvios terem abandonado os cargos em 2022 em protesto contra a criação de uma associação que passou a coordenar o trabalho em matéria de educação, cuidados de saúde, ordenamento do território e desenvolvimento económico a nível local.  

O conflito no Kosovo eclodiu em 1998, quando separatistas de etnia albanesa se rebelaram contra o domínio da Sérvia, e Belgrado respondeu com uma repressão que levou a confrontos que provocaram cerca de 13 mil mortos, na grande maioria pessoas de etnia albanesa.

A intervenção militar da NATO em 1999 acabou por obrigar a Sérvia a abandonar o território. Washington e a maioria dos países da UE reconheceram o Kosovo como um Estado independente, mas Sérvia, Rússia e China não o fizeram.

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