Três diagnósticos de cancro em 67 dias. Será 2024 um novo annus horribilis para a família real britânica?

22 mar, 22:00

Estado de saúde da família real britânica tem feito manchetes por todo o mundo e a expressão usada por Isabel II em 1992 pode vir a aplicar-se também a 2024

O ano de 2024 pode ficar nos livros da família real britânica mas não pelos melhores motivos, pelo menos se atentarmos apenas a questões de saúde.

Primeiro foi o anúncio de que a princesa de Gales tinha sido submetida a uma cirurgia abdominal programada e que ia ficar afastada até à Páscoa. Duas horas depois, sabia-se que também o rei Carlos III teria de ser submetido a uma intervenção por causa do alargamento da próstata. Ainda na mesma semana, Sarah Ferguson, duquesa de York, anunciava que tinha sido diagnosticada com um cancro na mama em junho passado, meio ano depois de ter sido operada a um melanoma. 

Em apenas uma semana, três membros da família real britânica - a ex-mulher do príncipe Andrew não é membro trabalhador - anunciavam que passavam por problemas de saúde. 

Mas, quando se pensava que o pior já havia passado, o Palácio de Buckingham anunciava que o rei Carlos III tinha cancro, sem no entanto revelar qual o tipo de cancro. 

Apesar do anúncio da doença, o monarca fez saber que ia manter-se "totalmente positivo em relação ao seu tratamento", continuando a receber diariamente as caixas vermelhas com os documentos do governo para poder continuar a trabalhar em casa.

Ao mesmo tempo, Kate Middleton recuperava em casa depois de ter tido alta da London Clinic. A prolongada ausência da mulher do príncipe William deu azo a várias especulações e conspirações - de duplos, traições e fotografias manipuladas - que viriam a ter um ponto final esta sexta-feira.

Findo o segundo período escolar e com os príncipes George (segundo na linha de sucessão), Charlotte e Louis já de férias da Páscoa, William e Kate contaram aos filhos o que se estava a passar e porque é que a mãe se mantém longe dos olhares do público.

“Levou-nos tempo a explicar tudo ao George, à Charlotte e ao Louis de uma forma que fosse apropriada para eles e a assegurar-lhes que vou ficar bem. Como já lhes disse, estou bem e a ficar mais forte todos os dias, concentrando-me nas coisas que me vão ajudar a sarar, na minha mente, no meu corpo e no meu espírito”, afirmou esta sexta-feira a princesa de Gales na comunicação que fez ao mundo.

Foi também nessa mensagem que Kate Middleton revelou que exames posteriores à cirurgia abdominal de janeiro revelaram "a presença de cancro" e que, por isso, a minha médica da princesa aconselhou-a "a fazer uma quimioterapia preventiva".

"Foi um grande choque", confessou a futura rainha de Inglaterra, adiantando que se encontra "na fase inicial desse tratamento" e que espera que as pessoas "compreendam que, como família, precisam agora de algum tempo, espaço e privacidade" enquanto conclui o tratamento.

À semelhança de Carlos III, a princesa de Gales, de 42 anos, não revelou o tipo de cancro que foi diagnosticado.

Com o anúncio de que quer Carlos III quer a princesa Catherine foram ambos diagnosticados com cancro, o ano de 2024 torna-se assim um forte candidato a ser assinalado como annus horribilis, expressão que ficou ligada à família real por causa da declaração da rainha Isabel II em 1992.

Nesse ano, a então monarca britânica enfrentou o divórcio de três filhos - o príncipe Andrew e a mulher, a duquesa de York, separaram-se em março, a princesa Anne e o marido separaram-se em abril e o príncipe Carlos e a mulher, a princesa Diana, separaram-se em dezembro -, foi publicado o livro “Diana: a sua verdadeira história", em junho, onde eram revelados detalhes sobre os problemas no casamento dos príncipes de Gales, principalmente o seu romance com Camilla Parker Bowles. Em agosto do mesmo ano, foram publicadas fotos da duquesa de York em topless, e viram a luz as conversas indiscreta que a princesa Diana teve com o suposto amante James Gilbey. Um verão escaldante que culminaria com um incêndio em vésperas de inverno: a 20 de novembro, um fogo deflagrou na capela privada da rainha no Castelo de Windsor.

1992 não é, por isso, um ano do qual a família real guarde boas memórias. No entanto, não foi o único: em 1997, Isabel II enfrentou duras críticas pelo seu discurso aquando a morte da princesa Diana e a família real viu a sua popularidade cair. Mais recentemente, 2021 e 2022 voltaram a entrar nessa categoria.

Enquanto em 2021, a rainha Isabel II começou a apresentar problemas de saúde, o duque de Edimburgo morreu e a cerimónia - em plena pandemia - emocionou o mundo. Em 2022, depois de ter visto o príncipe André sob suspeita de ter abusado de uma jovem menor e de Harry e Meghan terem declarado guerra à instituição (com um livro e uma série, mais entrevistas), a rainha morreu em Balmoral aos 96 anos, deixando a família real reduzida a 

O número de membros da "realeza ativa" que se apresentam publicamente diminuiu nos últimos anos, à medida que a "Firma" procurava adaptar-se aos novos tempos. Apenas os membros da realeza ativa realizam compromissos em nome do Rei, tendo dividido entre si as 2.710 visitas e eventos do ano passado.

Este grupo deveria ser composto por 14 membros da família: o rei Carlos, a rainha Camila, a princesa Ana, o príncipe Andrew, o duque e a duquesa de Edimburgo, os príncipes de Gales, os duques de Sussex, o duque e a duquesa de Gloucester e o duque e a duquesa de Kent. Isto é, até os príncipes Harry e Meghan terem optado por se retirar e Andrew ter sido forçado a fazê-lo, à luz da sua relação com o pedófilo Jeffrey Epstein. Atualmente, 11 membros do clã desempenham funções reais - mais de metade dos quais têm mais de 70 anos.

Já Harry, que tem falado com o pai desde que lhe foi diagnosticado um cancro, regressou ao Reino Unido por 48 horas para ver o pai. O duque - que se afastou dos deveres reais em 2020 - viajou da Califórnia para ver o rei e, de acordo com o próprio em entrevista ao "Good Morning America", tem "outras viagens planeadas" que "passarão pelo Reino Unido, ou de volta ao Reino Unido". "E por isso vou parar e ver a minha família sempre que puder", afirmou em fevereiro.

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