João Galamba usou motoristas do Estado para ir "buscar garrafas de vinho" e transportar "as filhas e empregadas"

9 nov 2023, 12:38
Ministro das Infraestruturas, João Galamba, visita Centro de Controlo de Tráfego da Infraestruturas de Portugal (Manuel de Almeida/Lusa)

João Galamba, atual ministro das Infraestruturas, foi constituído arguido no âmbito de uma operação que resultou na demissão de António Costa

João Galamba é suspeito de pedir “por diversas vezes” aos motoristas que serviam o seu gabinete que fossem buscar vinho e transportassem familiares do governante. Segundo os autos do processo, aos quais a CNN Portugal teve acesso, estes factos aconteceram quando João Galamba era secretário de Estado da Energia e do Ambiente.

Este despacho de indiciação do Ministério Público sublinha que aos motoristas Artur Gomes e Pedro Madeira de Sousa foi pedido que efetuassem “diversas deslocações exclusivamente” para “benefício pessoal” de Galamba. 

Entre estes serviços conta-se, por exemplo, “transportar as filhas e empregadas” do atual ministro e ir “buscar garrafas de vinho” para o ministro, o que “aqueles fizeram”.

Os motoristas Pedro Madeira de Sousa e Artur Gomes acompanharam João Galamba quando este foi nomeado ministro das Infraestruturas em janeiro deste ano. Ambos trabalham até ao momento para o Ministério, de acordo com dois despachos publicados em Diário da República no dia 24 de maio.

João Galamba, atual ministro das Infraestruturas, foi constituído arguido esta terça-feira no âmbito da Operação Influencer, que investiga negócios de milhões no setor do Lítio e do Hidrogénio.

Em causa, no processo todo, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), estão crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.

João Galamba ainda não reagiu ao facto de ter sido constituído arguido no decurso desta operação. Tem-se mantido em casa, onde esta quarta-feira recebeu a visita do advogado, deixando a habitação para curtas saídas sem responder às questões dos jornalistas.

O caso acabou por implicar António Costa, levando à sua demissão, após um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) sublinhar que, "surgiu (...) o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos". 

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