António Costa exonera Vítor Escária - a quem tinham encontrado 75.800€ em dinheiro vivo

9 nov 2023, 11:41
Vítor Escária (DR)

Chefe do gabinete do primeiro ministro é um dos cinco arguidos detidos no âmbito do processo do lítio e hidrogénio verde

António Costa exonerou Vítor Escária, a quem tinham encontrado 75.800€ em dinheiro vivo, como chefe de gabinete e nomeou para este lugar o major general Tiago Vasconcelos, até agora assessor militar de António Costa. A notícia foi avançada pela RTP e confirmada pela CNN Portugal.

Vítor Escária foi detido para interrogatório na terça-feira, de manhã, na sequência das buscas judiciais ao seu gabinete e à sua casa por suspeitas relacionadas com negócios com lítio e hidrogénio.

Esta investigação judicial levou nesse mesmo dia António Costa a pedir ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a sua demissão de primeiro-ministro.

Vítor Escária é um dos cinco arguidos detidos no âmbito do processo do lítio e hidrogénio verde. Antes de ser chefe de gabinete do primeiro-ministro demissionário, já tinha trabalhado com Costa antes, em 2015, como assessor económico.

Economista de formação, com pouco mais de 50 anos, não é a primeira vez que Vitor Escária vê o seu nome sob suspeita, uma vez que chegou a ser alvo de escutas e buscas devido à Operação Marquês, por ter estado envolvido num dos negócios investigados. Para além disso, o escândalo das viagens pagas pela Galp para o campeonato europeu de 2016, enquanto era assessor económico de Costa, levou ao seu afastamento da cena política em 2017 e a ser constituído arguido por recebimento indevido de vantagem.

Agora, voltou a ser constituído arguido (e detido) num caso em que há suspeitas de corrupção e que envolve a extração de lítio em Montalegre e a central de hidrogénio verde em Sines. Nas buscas realizadas esta terça-feira, as autoridades encontraram 75.800 euros em dinheiro vivo no escritório de Vítor Escária em São Bento, residência oficial do primeiro-ministro.

Tiago Rodrigues Bastos, advogado de Vítor Escária, disse aos jornalistas que a quantia "não tem rigorosamente nada que ver com o objeto dos autos", estando relacionada com a atividade profissional de Escária "anterior às funções que exerceu".

"Essas explicações serão dadas ao tribunal", garantiu o advogado, acrescentando que a tese do Ministério Público não está relacionada com a apreensão da avultada soma de dinheiro e que a informação consta dos autos para "causar discussão na praça pública", dizendo mesmo que foi "um facto metido a martelo". 

A CNN Portugal sabe que Vítor Escária justificou os 75.800 euros com prestações de serviços em Angola que foram pagos em dinheiro.

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