Ilha italiana foi invadida por cabras e está a oferecê-las a quem as conseguir apanhar

CNN , Barbie Latza Nadeau e Amarachi Orie
4 abr, 17:16
Alicudi, Sicília, Itália: selvagem e acidentada, é a menos habitada das Ilhas Eólias, ao largo da costa norte da Sicília. Créditos: Dallas Stribley/The Image Bank Unreleased/Getty Images

Não precisa de ter experiência na criação de cabras, não precisa de dizer se vai comê-las ou não. Alicudi só quer que a acudam neste problema de quatro patas

A ilha italiana de Alicudi é pequena e remota. É a casa de 100 residentes. E, num mundo ideal, daria também guarida a uma centena de cabras selvagens.

Contudo, este ano, o número de cabras disparou: e a proporção entre humanos e animais tornou-se extremamente desequilibrada.

Há agora um número de cabras seis vezes maior do que o desejado. O número de caprinos por cada habitante é maior do que em qualquer outro lado onde se faça este tipo de registos.

Agora, o autarca Riccardo Gullo convida todos os que quiserem a irem até à ilha e ajudarem a resolver o problema.

Para isso, não interessa se os ajudantes têm alguma experiência na área da criação de cabras. O que importa mesmo, contou Gullo à CNN, é que tenha um barco para tirá-las da ilha - isto é, depois de conseguir apanhá-las. 

Este autarca explica que o programa "Adote uma Cabra" foi criado porque as autoridades locais não vão abater os animais. Mesmo que estas cabras estejam a dar grandes dores de cabeça: invadiram zonas residenciais, até mesmo casas; devoram tudo o que encontram nos jardins públicos e privados; tentam escalar muros de pedra, que acabam por ruir com o peso delas. Em resumo: é uma grande trapalhada.

Segundo o governo regional da Sicília, as cabras foram levadas para a ilha há cerca de 20 anos por um agricultor, que acabou por libertá-las.

Durante anos, estes animais - que não têm qualquer dono - pastaram sozinhos nas encostas de Alicudi. Foram mesmo presença assídua em muitos postais que mostraram esta ilha vulcânica ao mundo.

Mas como foram deixados com rédea solta, acabaram por se reproduzir a um ritmo surpreendente.

Quem estiver interessado em levar consigo até 50 cabras pode fazer um pedido oficial às autoridades locais até 10 de abril, informou o autarca. Contudo, há margem para alargar o prazo até que todas encontrem um dono. Ou não quisesse Alicuidi livrar-se deste problema.

Os candidatos devem enviar um email com o pedido e pagar uma taxa de 16 euros para torná-lo oficial. 

"Temos tido dezenas de manifestações de interesse desde que fizemos o anúncio", conta Gullo. Nos candidatos está um agricultor de uma ilha próxima, chamada Vulcano, que produz queijo de cabra.

"A verdade é que preferíamos que as pessoas tentassem domesticar os animais em vez de comê-los", realça. É só uma preferência, porque as autoridades não vão confirmar que uso vai ser dado aos animais 'adotados'.

Depois de distribuídas as cabras, o candidato tem 15 dias para apanhá-las e retirá-las da ilha. A oferta fica ativa enquanto o fato (o nome coletivo para um conjunto de cabras) não for fortemente reduzido. Ainda assim, algumas cabras vão manter-se na ilha, para gáudio dos turistas.

Alicudi é a menos habitada das sete Ilhas Eólias, que ficam ao largo da costa norte da Sicília, incluindo Stromboli e Lipari.

Cabras à parte, a ilha é também conhecida pelo seu "pão LSD". Explicação: até à década de 1950, os locais comiam pão contaminado por um fungo que era o elemento base da droga LSD antes de esta ser sintetizada pela ciência.

É também uma paragem popular para os barcos de turistas, apaixonados por vulcões, que querem ver as constantes erupções do Stromboli ali tão perto.

Esta ilha acidentada assenta num grande cone vulcânico, que se eleva do Mar Tirreno. Não tem hotéis nem estradas. Alternativa: mulas e burros que percorrem trilhos íngremes, segundo o site Visit Sicily.

Também por isso, Alicudi não é lugar onde mais se espera um fluxo da cabras errantes.

Mas estes animais são dados para a notícia. Em junho, um bairro em McKinney, Texas, Estados Unidos, acordou também com uma visão chocante: 40 cabras a passear à sua vontade, a comerem a relva, depois de terem fugido.

Já no meio do confinamento da pandemia de covid-19, em março de 2020, os habitantes de Llandudno, no País de Gales, deram com vários grupos de cabras a passear pelas ruas, depois de estas se terem aventurado a descer as colinas e a tomar a cidade.

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