“Estamos longe de ser um epifenómeno e vamos continuar a crescer”, assegura Cotrim de Figueiredo

6 fev 2022, 10:37

O líder da Iniciativa Liberal quer desmarcar-se do estilo de oposição do Chega e acusa o PSD de não a fazer. Além disso, acredita que Marcelo Rebelo de Sousa será mais “fiscalizador” na próxima legislatura do PS

Uma semana depois das eleições legislativas, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, faz um balanço positivo dos resultados obtidos pelo partido, mas não hesita que a maioria conquistada pelo Partido Socialista (PS) é o que “pesa mais”.

Confesso que pesa mais não termos conseguido evitar a maioria absoluta do Partido Socialista”, começou por dizer em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias (JN).

Quanto aos resultados da Iniciativa Liberal, Cotrim de Figueiredo diz que “foi uma noite muito boa” e que “os objetivos foram superados”. No entanto, e mais uma vez, a sombra da maioria fala mais alto: “Confesso que aquilo que se pode chamar o interesse do país sobrepesou um pouco mais do que o interesse do partido e o balanço por via dessa maioria absoluta do PS acaba por ser menos positivo”.

Ainda no rescaldo das eleições do dia 30 de janeiro, em que a IL conquistou sete novos deputados, contabilizando agora oito e consolidando o partido como quarta força política do país, João Cotrim de Figueiredo garante que a IL está “longe de ser um epifenómeno” e que vai “continuar a crescer”.

A IL preenche um espaço intelectual e político e ideológico que as pessoas precisam. Acresce que temos tido uma capacidade de mobilizar os jovens, os primeiros votantes, e mesmo pessoas que deixaram de acreditar no sistema político fomos buscá-las à abstenção” frisa.

Críticas ao PSD, Chega e aviso a Marcelo Rebelo de Sousa

Durante a entrevista, Cotrim de Figueiredo acusou ainda o PSD de não ser uma alternativa aos socialistas e acusa ainda os sociais democratas de terem uma visão próxima do PS. “Acho que não se distingue a visão do Portugal que o PSD anda a promover com a que o PS promoveu em tempos. Essa história de estar permanentemente ao centro não funciona em termos de escolha política”, justifica,

Relativamente à oposição prometida pelo Chega, Cotrim de Figueiredo demarcar-se do estilo. “Do ponto de vista estratégico, a IL optará por uma via diferente, de tentar confrontar o PS com as suas próprias necessidades de se abrir a outras correntes de soluções ou de pensamento”, explica.

Aliás, antecipo, é uma profecia que posso fazer aqui, que o tipo de oposição que será feito, aqui tanto à esquerda como à direita, será bastante mais vocal, uma espécie de concurso de decibéis”, garante.

Quando questionado sobre o papel que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deverá ter nos próximos quatro anos de maioria socialista, Cotrim de Figueiredo aponta para “um papel bastante mais fiscalizador do que equilibrador”, embora diga que “as ferramentas que estão ao seu dispor são bastante rombas, os vetos políticos”, e que, por isso, “tem de ser o Parlamento a fazer boa parte dessa fiscalização”.

Vejo que não será um segundo mandato do presidente da República muito gratificante para o próprio, porque vai ter de fazer funções quase de fiscal de uma maioria absoluta que nós tememos, porque vimos aquilo que aconteceu numa maioria relativa. Uma maioria absoluta que tememos que seja bastante abusadora, e bastante controladora dos poderes e das funções do Estado”, conclui.

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