Ucrânia deve ser livre de atacar alvos militares na Rússia, defende Letónia em reunião da NATO

29 nov 2022, 20:36
Sistema de lançamento de mísseis HIMARS (AP)

Declarações acontecem numa altura que os principais líderes dos países da Aliança Atlântica recusam enviar para Kiev armas de longo alcance, com receio de escalar o conflito

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Letónia afirmou, esta terça-feira, durante um encontro da NATO em Bucareste, que a Ucrânia deve ser livre de poder atacar alvos militares em território russo.

As declarações acontecem numa altura em que os principais líderes dos países da NATO recusam enviar para a Ucrânia armas de longo alcance, com receio de escalar o conflito. Mas nem todos partilham esta visão.

“Devemos permitir que os ucranianos utilizem armas para atingir locais de mísseis ou campos aéreos de onde essas operações militares estão a ser lançadas”, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Edgars Rinkevics, acrescentando que a NATO não deve temer a escalada.

Durante vários meses, a Ucrânia tem pedido repetidamente aos Estados Unidos da América o envio dos mísseis ATACMS, que podem ser utilizados através do famoso sistema de lançamento de foguetes HIMARS. Ao contrário das munições fornecidas a Kiev, estes mísseis conseguem atingir alvos a 300 quilómetros com uma elevada precisão.

As forças armadas ucranianas alegam que com estes dispositivos conseguiriam atingir os depósitos de armamento russos bem no interior das linhas inimigas, colocando ainda mais pressão no sistema logístico russo, que já tem demonstrado muitos sinais de fragilidade.

Segundo Rinkevics, a Letónia não é o único país da NATO que apoia o envio deste tipo de armas para apoiar o esforço de guerra ucraniano, embora Washington mantenha uma postura mais cautelosa em relação a estes e outros sistemas mais modernos, como aviões de combate mais modernos como os caças F-16.

Porém, é pouco provável que o status quo se venha a alterar e, a curto prazo, a NATO deve apenas reforçar o envio de veículos e munições que já tem enviado. O ministro italiano dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro Antonio Tajani disse mesmo à Bloomberg que, apesar “de não estarem em perigo”, os países da Aliança são “contra a escalada do conflito”.

A discussão dos ministros da NATO acontece numa altura em que a Rússia tem intensificado a sua campanha de bombardeamento da Ucrânia, destruindo algumas das principais infraestruturas críticas do país. A situação levou milhões de ucranianos a ficar sem acesso a energia elétrica e água canalizada, numa altura em que se aproxima um inverno com temperaturas negativas.

Em resposta, os EUA colocaram em cima da mesa o envio do sistema de defesa antiaéreo Patriot para a Ucrânia. “Todas as capacidades estão em cima da mesa”, disse um responsável do Pentágono, que falava sobre o sistema de defesa aérea que pode ser decisivo na guerra, e que pode ser enviado para Kiev em breve.

Durante a reunião de dois dias em Bucareste, os aliados vão discutir o envio à Ucrânia de mais sistemas de defesa aérea e outros equipamentos para ajudar Kiev a defender-se dos ataques, que, mesmo com seus sistemas atuais, conseguiu derrubar com sucesso cerca de dois terços dos mísseis russos em ataques recentes.

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