"Nuvem de fumo em forma de cogumelo": míssil russo caiu a 500 metros de Zelensky e de comitiva europeia

CNN , AnneClaire Stapleton, Victoria Butenko, Eleni Giokos, Christian Edwards e Radina Gigova
7 mar, 12:19
Zelensky e Mitsotakis em visita a Odessa (AP)

O presidente ucraniano e o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis estavam a entrar para os carros quando a Rússia atingiu Odessa

Um míssil russo explodiu perto de uma caravana que transportava o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis durante um ataque mortal à cidade portuária de Odessa, no Mar Negro, na quarta-feira.

O grupo sentiu o impacto do ataque e viu uma "nuvem de fumo em forma de cogumelo", de acordo com uma fonte familiarizada com a situação, que situou o local do ataque a cerca de 500 metros da caravana presidencial.

Cinco pessoas foram mortas no ataque e outras ficaram feridas, disse à CNN o porta-voz da Marinha ucraniana, Dmytro Pletenchuk, embora nem Zelensky nem Mitsotakis tenham ficado feridos.

Zelensky faz frequentemente viagens de alto risco para as linhas da frente e recebeu dezenas de líderes mundiais na Ucrânia durante mais de dois anos de guerra com a Rússia, mas o ataque de quarta-feira pode representar um dos avisos mais sérios para o presidente. A proximidade do ataque a Mitsotakis - líder de um Estado membro da NATO - também sublinha os perigos de tais visitas e as potenciais repercussões globais do conflito.

O presidente ucraniano esteve suficientemente perto para ver e ouvir o ataque.

"Vimos este ataque. Podemos ver com quem estamos a lidar, eles não se importam com o local onde atacam. Sei que houve vítimas, ainda não sei todos os pormenores, mas sei que há mortos e feridos", disse Zelensky a partir de Odessa.

"Precisamos de nos defender em primeiro lugar e acima de tudo. A melhor maneira de o fazer é com um sistema de defesa aérea", acrescentou.

Mitsotakis disse que Zelensky lhe tinha feito uma visita guiada à cidade do sul, que sofreu enormes danos devido a meses de ataques russos, antes de ouvirem as sirenes dos ataques aéreos.

"Pouco depois, quando estávamos a entrar nos nossos carros, ouvimos uma grande explosão", contou Mitsotakis aos jornalistas. "Penso que, para nós, essa é a melhor e mais viva recordação de que há uma verdadeira guerra a decorrer aqui. Todos os dias há uma guerra, que não afeta apenas a frente, os soldados, mas também os nossos concidadãos inocentes."

Odessa situa-se na foz do rio Danúbio e é crucial para as exportações de cereais da Ucrânia, que a Rússia tem tentado repetidamente travar desde que lançou a sua invasão. É também a principal base da marinha da Ucrânia.

O Ministério da Defesa russo afirmou que as suas forças armadas tinham realizado o ataque às 11:40, hora de Moscovo (mais três horas em Lisboa).

"As Forças Armadas da Federação Russa lançaram um ataque com mísseis de alta precisão contra um hangar no distrito industrial portuário de Odessa, onde estavam a decorrer os preparativos para a utilização em combate de barcos não tripulados das forças armadas da Ucrânia. O objetivo do ataque foi atingido", afirmou em comunicado, sem mencionar Zelensky ou Mitsotakis.

A Rússia intensificou os seus ataques na região nos últimos dias e, no sábado, um ataque de um drone russo a um bloco de apartamentos na cidade matou 12 pessoas, incluindo cinco crianças, segundo as autoridades ucranianas.

Zelensky tem argumentado frequentemente que os líderes ocidentais precisam de visitar a Ucrânia para compreender a realidade da agressão russa em curso.

"O mundo tem sistemas de defesa aérea suficientes e a capacidade de produzir armas para a defesa. São necessárias armas aqui para salvar vidas. As soluções são necessárias agora - não um dia, para as pessoas que sofrem ataques terroristas todos os dias e todas as noites", sublinhou o presidente ucraniano.

Em Washington, onde o pedido de ajuda de 60 mil milhões de dólares do presidente dos EUA, Joe Biden, para a Ucrânia está parado, a Casa Branca disse que o ataque era mais um sinal de que o país devastado pela guerra precisava de mais assistência militar, e usou-o para pressionar o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, a votar o pacote.

"Este ataque é mais um sinal de que a Rússia continua a atacar a Ucrânia de forma imprudente todos os dias e de que a Ucrânia precisa urgentemente, em particular, de sistemas de defesa aérea", defendeu um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional. "Apelamos mais uma vez à Câmara dos Representantes para que tome medidas de apoio à Ucrânia, para que possamos fornecer às forças armadas ucranianas o equipamento de que necessitam desesperadamente para se defenderem contra estes ultrajantes ataques russos."

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condenou o ataque como "outro sinal das táticas covardes da Rússia", que ele disse estarem "abaixo até mesmo do manual do Kremlin".

Em maio de 2022, Charles Michel estava de visita a Odessa quando a Rússia disparou dez mísseis de cruzeiro contra a região.

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