Bens congelados e deportações forçadas. Há uma nova ameaça para os críticos de Putin

1 fev, 17:24
Vladimir Putin, presidente da Rússia (EPA)

Artistas russos anti-Kremlin estão a ser cancelados e há perigo de deportação para um regresso à Rússia, como mostra um caso recente com uma banda

Uns foram de férias e não conseguem voltar. Muitos fugiram do país para também fugirem a uma possível guerra. Há vários russos fora da Rússia, e a vida de muitos deles pode vir a ficar mais difícil desde esta quarta-feira, depois de o governo russo ter aprovado uma lei que prevê a punição daqueles que deixam o país.

A Duma, a câmara baixa do parlamento russo, aprovou uma lei que permite ao governo apreender as propriedades dos russos que vivem fora. Em palavras escritas na lei, trata-se de um projeto desenhado para atingir aqueles que “mancham o nosso país”.

Esta é apenas a mais recente legislação que Vladimir Putin fez aprovar, conseguindo assim objetivos múltiplos: ou lucra com as propriedades que apreende ou vê esses cidadãos regressarem para o evitar. Em paralelo consegue também fazer pressão diplomática a alguns países onde estão russos que se expressaram contra a guerra.

Na Tailândia, por exemplo, os membros da banda Bi-2, conhecida por ser contra a posição do Kremlin e contra a invasão da Ucrânia, estão detidos e enfrentam deportação, temendo-se que no regresso a casa possam acabar detidos pelas autoridades russas. Com efeito, muitos cidadãos russos a viver no estrangeiro, nomeadamente em alguns países asiáticos, têm denunciado aquilo que dizem ser cancelamentos de concertos ou de outros espetáculos e detenções ilegais para os forçarem a sair do país.

Os apoiantes da banda denunciaram mesmo pressões diretas do Kremlin para que a Tailândia deportasse o grupo, mas esforços diplomáticos de Israel e Austrália conseguiram impedir esse cenário, que, provavelmente, acabaria num julgamento por causa das críticas dos membros do grupo às ações da Rússia.

“A Rússia histórica ressurgiu”, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, num encontro com apoiantes da sua recandidatura à presidência.

“Toda esta escumalha que está sempre presente na sociedade está a ser lentamente varrida”, acrescentou, referindo-se à diáspora que optou por deixar a Rússia.

É que, segundo a nova lei, que ainda tem de ser assinada por Putin, mesmo aqueles que vivem noutro país incorrem em “crimes contra a segurança nacional”, um delito que também é aplicado àqueles que criticam a invasão da Ucrânia. Estas pessoas podem ter todos os bens confiscados, bens esses que vão para o Estado russo.

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