Ameaça russa das armas químicas pode mudar estratégia da NATO. Este vai ser o tema quente da cimeira em Bruxelas

23 mar 2022, 23:13
Secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa, em Bruxelas (AP Photo/Olivier Matthys)

Aliança Atlântica vai enviar material protetor à Ucrânia, ao mesmo tempo que discute na Bélgica se será necessária uma nova abordagem à guerra

A NATO volta a reunir-se esta quinta-feira em plena guerra na Ucrânia. É em Bruxelas que a Aliança Atlântica vai discutir a estratégia perante uma guerra na Europa, onde está a grande maioria dos seus Estados-membros.

Desta vez nem Joe Biden vai faltar e, segundo a CNN, grande parte do tempo vai ser passado a discutir a possibilidade de a Rússia vir a utilizar armas químicas ou biológicas na Ucrânia. Esta é uma hipótese que tem ganho relevo, nomeadamente pelas palavras do presidente dos Estados Unidos, ainda que Vladimir Putin já tenha vindo dizer, por várias, vezes, que isso está fora de hipótese.

Acontece que esta é uma situação que poderá levar a uma mudança na estratégia da NATO. Segundo oficiais ouvidos pela CNN, a Aliança Atlântica mantém a intenção de não se envolver diretamente na guerra, mas a utilização de armas químicas significaria uma escalada que poderia levar a que o Ocidente tivesse de reagir, até porque existiria o perigo de esse ataque acabar por chegar, mesmo que de forma não intencional, a um país da NATO.

As fontes da CNN referem que a NATO é sensível à opinião pública, e que esse poderá ser outro termo para uma mudança de oposição. Ainda assim, não é esperado que saiam linhas vermelhas sobre este assunto da reunião em Bruxelas.

O que é de esperar é uma postura firme da NATO, o que poderá indicar uma preparação da organização para eventuais ataques químicos.

Escreve a CNN que isso pode significar um reforço das equipas rápidas e especiais que já se encontram no terreno, nomeadamente nos países bálticos e na Roménia, onde até estão militares portugueses. É verdade que a NATO está a resistir ao máximo ao destacamento de forças na Ucrânia, mas a ameaça russa leva a conversas sem precedentes que avaliam a possibilidade de apoios a países terceiros.

Aos jornalistas norte-americanos, o conselheiro nacional da Casa Branca disse que o presidente Joe Biden vai “consultar potenciais contingências” em torno da possível utilização de armas químicas ou biológicas. Jake Sullivan admitiu que esta possibilidade vai ser abordada, tal como a “retórica e comentário que vêm da Rússia sobre a possível utilização de armas nucleares”, depois de o porta-voz do Kremlin ter vindo assumir um cenário em que isso é possível.

Adicionalmente, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acrescentou que a organização vai dar ao exército ucraniano equipamento protetor contra armas químicas, à semelhança do que já aconteceu na Síria, quando a Aliança Atlântica procurou ajudar os países que combatiam o regime de Bashar-al Assad.

Ainda segundo a CNN, o que o Ocidente espera é que uma mensagem forte possa vir a dissuadir a Rússia da utilização de armas químicas.

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