Pedro Nuno promete humildade, corrigir erros e nunca apontar o dedo a quem protesta

Agência Lusa , DCT (notícia atualizada às 13:35)
13 jan, 12:26

Pedro Nuno Santos identificou problemas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na habitação, que disse também existirem em muitos países ocidentais, mas em simultâneo demarcou-se das propostas do PSD para estas áreas.

O secretário-geral do PS prometeu este sábado empatia, humildade, reconhecer erros de oito anos de governação e nunca apontar o dedo a quem está descontente, contrapondo que são os socialistas quem melhores condições reúnem para resolver os problemas.

Esta posição ideia de “aprender com o que correu bem e mal” foi transmitida por Pedro Nuno Santos na abertura da reunião da Comissão Nacional do PS, num discurso em que assumiu insuficiências em setores como a saúde ou habitação e manifestou compreensão pelos protestos dos agentes das polícias.

“Fizemos um trabalho importante nos últimos oito anos, não o vamos deixar esquecer, mas não podemos apontar o dedo a quem está insatisfeito. A culpa não é de quem se afastou de nós. Temos de os recuperar, temos de ter humildade e empatia de perceber que há problemas que ainda não estão resolvidos”, declarou o novo líder dos socialistas logo na abertura da sua intervenção.

Nas suas primeiras palavras sobre a situação do país, Pedro Nuno Santos afirmou perante os membros da Comissão Nacional do PS: “Temos de ter a consciência de que não está tudo bem”.

“Temos portugueses que estão zangados, que sentem que a sua vida está a marcar passo, não ata nem desata, não sai da cepa torta” apontou, dizendo inclusivamente que alguns desses eleitores estão agora inclinados para “partidos populistas”.

Nesse sentido, Pedro Nuno Santos considerou que a o PS “tem de ter a capacidade de entender e não apontar o dedo em nenhum momento”.

“Temos de explicar, com muito respeito por esses portugueses, que alguns partidos que se apresentam de forma populista perante a sociedade não têm qualquer solução para os seus problemas”, referiu, sem qualquer alusão direta ao Chega.

De acordo com o secretário-geral do PS, os salários não estão ainda no patamar ambicionado pelos socialistas, muitos jovens não conseguem emancipar-se e muitas famílias não tem lugar para colocar os seus mais idosos.

“Em nenhum momento, podemos negar os problemas que os portugueses sentem. Precisamos de empatia, da capacidade de sentir o outro, de ouvir. Esse é o primeiro passo para conseguirmos criar uma relação com quem está zangado. Isto é fundamental para um partido como o nosso - e os nossos autarcas fazem isso”, advogou a título de exemplo.

Pedro Nuno Santos procurou também passar uma ideia de confiança perante os portugueses.

“Oferecemos segurança, estabilidade e confiança na capacidade que temos em responder àquilo que é inesperado. Os portugueses reconhecem a capacidade de os governos do PS fazerem face a problemas inesperados, que não foram da sua responsabilidade, como a pandemia da covid-19, a guerra na Ucrânia ou a crise inflacionária”, assinalou.

De acordo com o secretário-geral socialista, num mundo, cresceu a incerteza na economia e nas relações internacionais, e “o PS é quem está em melhores condições para lidar com os eventos inesperados com que o país se vai confrontar” por causa dessa complexa conjuntura internacional.

“Mas há problemas estruturais, não os podemos ignorar e não seriamos honestos se o fizéssemos”, advertiu logo a seguir.

Pedro Nuno Santos identificou então problemas estruturais em relação à emancipação e emigração de jovens, no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na habitação, que disse também existirem em muitos países ocidentais, mas em simultâneo demarcou-se das propostas do PSD para estas áreas.

Na saúde, o secretário-geral do PS realçou “dificuldades de fundo” com o progressivo envelhecimento da população, o aumento dos custos dos medicamentos e na sequência de políticas que atribuiu aos executivos do PSD de limitação das vagas nos cursos de medicina. Em relação aos profissionais de saúde, assegurou que terá como eles uma relação de “empatia”.

Mas Pedro Nuno Santos, que, enquanto ministro, tutelou a pasta da habitação entre 2019 e 2022, apontou também respostas dadas por governos do PS que “não produziram os resultados esperados” ou mesmo que “falharam”.

Como exemplo, indicou a medida de arredamento acessível, em que se concedeu aos senhorios a vantagem de não pagarem IRS ou IRC se fizessem contratos de arrendamento abaixo dos valores de referência em cada zona urbana.

Mesmo assim, segundo o líder dos socialistas, os senhorios não aderiram a essa medida, porque o mercado da habitação tem “uma procura avassaladora”.

“Temos de aprender com aquilo que correu bem e com aquilo que correu mal”, acrescentou.

Pedro Nuno quer ser "o primeiro" a receber forças de segurança em protesto

O secretário-geral do PS anunciou que quer receber a plataforma das forças de segurança já na próxima semana: “Queremos continuar o esforço que já iniciámos e, por isso, queremos ser os primeiros, se for possível, a receber a plataforma que representa as forças de segurança”.

“Queremos fazer isso quanto antes, estamos disponíveis para os receber já na próxima semana”, acentuou.

Em relação aos protestos dos agentes da PSP e da GNR, o líder socialista sustentou que os governos de António Costa fizeram “um grande esforço em dar resposta” às questões das forças de segurança, mas adiantou que “há problemas que ainda não estão resolvidos”.

“Fizemos um trabalho muito importante nos últimos oito anos, avançámos muito do ponto de vista da valorização remuneratória das forças de segurança e das condições de trabalho. O trabalho que José Luís Carneiro fez foi muito importante. Temos orgulho nesse trabalho e nos avanços que foram feitos ao nível dos equipamentos, alojamento e remuneratório”, declarou.

Pedro Nuno Santos fez mesmo questão de realçar que “há um compromisso assumido que, em cima do aumento salarial significativo de 2024, se subirá  20% em média as remunerações das forças de segurança até 2026”.

A seguir, falou sobre o outro lado da moeda.

“No momento presente, que é difícil, temos de começarmos por lembrar aquilo que já fizemos. Mas precisamos de dar um novo impulso, de continuar e de intensificar a valorização daqueles que dedicam a sua vida a cuidar da segurança coletiva do nosso povo”, salientou.

O secretário-geral do PS afirmou, depois, que “não há democracia ou Estado de Direito que funcione sem forças de segurança motivadas, valorizadas e reconhecidas”. E deixou a promessa: “Queremos fazer mais, queremos respeitar os polícias e os guardas da GNR”.

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