China pode fazer das Ilhas Salomão uma base naval na Oceânia e a Nova Zelândia está "seriamente preocupada" com militarização do Pacífico

Agência Lusa , CM
28 mar 2022, 07:51
Bandeira da China

Plano de segurança China - Ilhas Salomão, nação que em 2019 decidiu mudar a sua aliança com Taiwan para apoiar Pequim, prevê que possam ser enviadas forças de segurança e armadas chinesas "para ajudar a manter a ordem social e proteger as vidas e bens do povo"

A primeira-ministra da Nova Zelândia alertou esta segunda-feira para a eventual militarização do Pacífico devido ao plano de segurança China - Ilhas Salomão, que poderá permitir a Pequim ter uma base naval na Oceânia.

"Vemos tais atos como a potencial militarização da região e vemos também muito pouca razão em termos de segurança do Pacífico para justificar essa necessidade e essa presença", disse Jacinda Ardern à Radio New Zealand, referindo-se à proposta de acordo de segurança entre Pequim e Honiara, que descreveu como "seriamente preocupante".

Ardern fez eco das preocupações expressas pelo governo australiano após a divulgação do projeto, na quinta-feira, no qual se propõe que a marinha chinesa atraque, reabasteça e faça escalas nas Ilhas Salomão, localizadas a 2.000 e 3.755 quilómetros, respetivamente, da Austrália e da Nova Zelândia.

Segundo a proposta, o governo de Honiara pode pedir a Pequim que envie polícia armada, pessoal militar e outras forças de segurança e armadas "para ajudar a manter a ordem social e proteger as vidas e bens do povo".

Na sexta-feira, o ministro da Defesa australiano, Peter Dutton, manifestou preocupação sobre "o estabelecimento de quaisquer bases militares", salientando ao mesmo tempo os esforços do seu país e dos seus aliados, tais como os Estados Unidos, para evitar "mais pressões e esforços chineses de reforçar a presença nesta região".

A Austrália, que realiza eleições gerais em maio, tem sido um parceiro histórico das Ilhas Salomão, que assistiu a violentos protestos em novembro, que apelaram à demissão do primeiro-ministro Manasseh Sogavare, que em 2019 decidiu mudar a sua aliança com Taiwan para apoiar a China.

Além disso, as Ilhas Salomão foram palco de disputas étnicas entre grupos armados rivais entre 1998 e 2003, nos quais 200 pessoas morreram e obrigaram à deslocação de milhares.

Estes confrontos forçaram o destacamento, entre 2003 e 2013, da Missão de Assistência Regional às Ilhas Salomão, liderada pela Austrália, para pacificar o país.

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