China transformou ilhas artificiais em bases militares

21 mar 2022, 04:40
Subi Reef, uma das ilhas artificiais chinesas

Xi Jinping havia prometido que as ilhas construídas em águas disputadas no Mar do Sul da China não seriam armadas. Segundo os EUA, têm mísseis, caças de combate e equipamento de interferência

A China "militarizou completamente" pelo menos três das várias ilhas que construiu no Mar do Sul da China, umas das áreas mais disputadas do mundo. A acusação foi feita pelo comandante das forças militares norte-americanas no Indo-Pacífico, almirante John C. Aquilino, em declarações à Associated Press.

Segundo a informação do oficial da Marinha dos EUA, a China armou essas três ilhas artificiais com sistemas de mísseis anti-navio e antiaéreos, equipamento laser e de interferência, bem como caças de combate. Na análise do almirante Aquilino, esta atitude de Pequim enquadra-se num movimento cada vez mais agressivo que ameaça todos os países da região.

Estas ações hostis do governo chinês representam também um enorme contraste em relação às garantias dadas no passado pelo presidente chinês, Xi Jinping, segundo o qual Pequim não tencionava transformar as ilhas artificiais em bases militares. As autoridades chinesas têm argumentado que têm apenas dotado estas ilhas de capacidades de defesa, para proteger os "direitos soberanos" destes territórios.

A instalação de mísseis, hangares de aviões, sistemas de radar e outros equipamentos militares parece já ter sido concluída nas três ilhas em questão, todas no Arquipélago Spratly, ao largo das Filipinas.

Segundo o comandante das forças americanas no Indo-Pacífico, a decisão de militarizar estas ilhas visa dar mais músculo ofensivo à China nas águas disputadas do Mar do Sul da China. "Nos últimos 20 anos assistimos ao maior crescimento militar desde a Segunda Guerra Mundial por parte da República Popular da China", disse Aquilino na mesma entrevista à Associated Press. "Eles têm aumentado todas as suas capacidades e a acumulação de armamento é desestabilizadora para a região", avisou o responsável militar dos EUA.

Há anos que a China aumenta progressivamente as suas despesas militares, tendo atualmente o segundo maior orçamento de defesa do mundo, após os EUA. Em 2022, o orçamento de defesa irá crescer 7%, acima do crescimento do PIB, que Pequim estima que será de 5,5%. A China já tem a maior marinha de guerra do mundo em número de embarcações. A modernização das forças armadas chinesas é visível em todas as frentes, desde o caça furtivo J-20 (apelidado de "Poderoso Dragão") até sistemas de armamento, drones, equipamento teleguiado e de vigilância. 

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