Espanhóis evitam desastre (Espanha-Eslovénia)

18 jun 2000, 21:02

Ao vencerem por 2-1 A Espanha conseguiu a sua primeira vitória, mas não foi totalmente convicente, frente a uma Eslovénia que esteve perto de conseguir nova surpresa. Zahovic marcou e é, a par de Milosevic, o melhor artilheiro do Euro.

Uma equipa espanhola profundamente remodelada em relação aquela que havia perdido no jogo da estreia, com a Noruega, conseguiu derrotar a Eslovénia (2-1), reentrando na corrida para o apuramento. Mesmo jogando claramente melhor do que há cinco dias, os homens de Camacho continuam a não convencer. O estatuto de favoritos, unanimente atribuído no início da competição, está a perder brilho. E, a jogar desta forma, não vai ser fácil garantir a qualificação no último jogo, frente à Jugoslávia. Os eslovenos confirmaram as suas limitações, bem como a dependência em relação a Zahovic, que marcou mais um golo, lidera a tabela de marcadores e é já uma grande figura deste Euro-2000. 

Raúl, estrela renascida 

Com muitos olhos portugueses postos no médio defensivo Pavlin, mais que provável reforço do F.C. Porto na próxima época, o encontro começou com o renascimento de uma estrela. Logo aos 4 minutos, Raúl, cuja renovação de contrato com o Real Madrid lhe atribuiu o título oficioso de jogador mais caro do mundo, resgatou-se da exibição baça em Roterdão com um grande golo, recuperando uma bola morta à entrada da área para a colocar no ângulo da baliza de Dabanovic. 

Era o melhor começo possível para uma Espanha em crise de confiança, que trocara quatro jogadores em relação ao primeiro jogo. Durante 15 minutos, os espanhóis pareceram dispostos a resolver a questão, deixando perceber as qualidades do seu jogo, bem valorizado pelas movimentações de Mendieta e Etxeberria pelos flancos. Mas, pouco a pouco, voltaram os problemas sentidos com a Noruega: uma circulação pouco objectiva, e principalmente a sensação de que o cérebro da equipa, Guardiola, fala uma linguagem diferente da dos companheiros. 

Em consequência, a Eslovénia, muito apoiada por uma torcida espectacular, começou a perder o respeito ao adversário e, embora com Zahovic bem vigiado por Valerón, terminou a primeira parte com dois ou três avisos, quase sempre desperdiçados por Rudonja, que explorava as subidas de Michel Salgado mas não acertava na finalização. 

Dez minutos de loucura 

A segunda parte começou com uma cabeçada perigosa de Raúl, mas foi a Eslovénia a tomar conta do jogo. Aos 59 minutos, um contra-ataque bem desenhado permitiu a Zahovic uma conclusão afortunada, a meias com Osterc. E o empate voltava a mergulhar a Espanha num mar de dúvidas. 

Porém, os momentos de desconcentração que tinham privado a Eslovénia de uma vitória mais que certa no primeiro jogo voltaram a custar-lhe caro: no lance imediato, um grande trabalho de Mendieta, na esquerda, foi concluído com um passe a isolar Etexebrria no flanco contrário. O extremo basco concluiu em força, pelo lado do guarda-redes, e tudo voltou à primeira forma. 

Foi como se o jogo, adormecido, tivesse levado duas injecções de adrenalina. Durante dez minutos, a emoção esteve à solta, com Cañizares a efectuar duas grandes defesas e com Abelardo a passar a centímetros da glória. 

Mas essa foi uma excepção, num jogo mediano. Até final, viu-se a Espanha sem pudores na queima de tempo e a Eslovénia, empurrada pela classe à parte de Zahovic, a tentar forçar o destino. No final, cumpriu-se a lógica: a equipa mais forte ganhou, recuperou alento para o último jogo e evitou o primeiro «crash» de um grande favorito. Mas, pelo que se viu no Arena, ninguém pode garantir que não tenha sido apenas um adiamento... 

Figuras 

A Espanha ganhou com a troca de guarda-redes: depois do frango de Molina no primeiro jogo, Cañizares fez duas grandes defesas em momentos decisivos e segurou a vantagem mínima. Outra das novidades de Camacho, Mendieta, também ganhou de goleada a comparação com Fran. Mesmo deslocado na esquerda, o médio do Valencia teve acções fundamentais, a melhor das quais resultou no golo de Etxeberria, outra exibição francamente interessante. Raúl já foi quase... Raúl. Marcou um grande golo, falhou por pouco duas boas ocasiões, e salpicou o jogo de talento, embora de forma inconstante.  

Do outro lado, considerando Zahovic um caso à parte (que selecção não gostaria de o ter?), saliência para a velocidade do lateral direito Novak e para a boa entrada em jogo dos suplentes Osterc e Acimovic. 
 

FICHA DO JOGO  
 
Estádio Arena, em Amesterdão 
Árbitro: Markus Merk (Alemanha)  
 
ESLOVÉNIA - Dabanovic, Milinovic, Milanic «cap» (Knavs, 67 m), Galic, Novak, Ceh, Pavlin (Acimovic, 82 m), Rudonja, Karic, Udovic (Osterc, ao intervalo) e Zahovic 
Treinador: Srecko Katanec 
ESPANHA - Canizares, Michel Salgado, Aranzabal, Abelardo, Hierro «cap», Guardiola (Helguera, 80 m), Mendieta, Etxeberria, Valerón (Engonga, 88 m), Raúl e Alfonso (Urzaiz, 70 m).  
Treinador: José Antonio Camacho  
 
Ao intervalo: 1-0 
Marcadores: Raúl (3 m), Zahovic (58 m) e Etxeberria (59 m) 
Disciplina: Cartão amarelo a Pavlin (10 m), Milanic (22 m), Novak (52 m), Aranzabal (61 m), Helguera (81 m) e Karic (84 m)

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